Brasília, 05 de agosto de 2021.
A grandeza da história de uma instituição está nos seus princípios e valores, fomentados pelas tradições cultuadas e pela essência dos homens e das mulheres que a conduzem ao longo dos tempos.
Sendo assim, desde o seu alvorecer, o Clube de Aeronáutica do Rio de Janeiro inspirou, no seio de nossa Instituição, a defesa dos interesses maiores do Brasil e o fraterno convívio entre companheiros dos mais altos níveis morais e intelectuais, não apenas para compartilhar as experiências vividas no dia a dia da atividade aérea, mas também para formar opinião serena e segura sobre os assuntos importantes que emolduram a realidade nacional.
Nesses 75 anos de história, assistimos ao brilhante trabalho iniciado pelo então Ministro da Aeronáutica, Brigadeiro Armando Figueira Trompowsky de Almeida, e pelo primeiro Presidente do Clube, Brigadeiro Ivo Borges Leal. Juntos, eles criaram uma sólida base, permitindo que o Clube de Aeronáutica conquistasse o reconhecimento, o respeito e a admiração de seus sócios, amigos e parceiros.
É evidente que, para atingir o nível de excelência nas práticas culturais e recreativas apresentadas hoje, este seleto grupo contou com o legado deixado por nossos antecessores e com feitos de importantes personalidades que estiveram à frente do Clube, dando especial atenção às sedes na Barra da Tijuca e no Centro, localizadas em meio às belezas que conferem ao Rio de Janeiro o justificado título de Cidade Maravilhosa.
Dessa forma, parabenizo o trabalho e a dedicação de todos os ex-presidentes do Clube, que, junto às suas respectivas equipes, encontraram os caminhos necessários para manter, nesta entidade, seu autêntico e histórico papel no âmbito da família aeronáutica.
Nesse ínterim, não poderia me furtar a agradecer, também, ao meu querido pai – o Tenente-Brigadeiro Carlos de Almeida Baptista – Presidente deste tradicional clube nos anos de 2008 a 2012, que sempre destacou, em nosso seio familiar, a importância das tradições cultuadas no Clube de Aeronáutica para a nossa Força Aérea Brasileira – “As Asas que protegem o País”.
Caros integrantes do Clube de Aeronáutica de hoje e de sempre!
Como Comandante da Aeronáutica, gostaria de reafirmar minha felicidade por fazer parte deste momento relevante na história do Clube. Aproveito o ensejo para congratular o Major-Brigadeiro Marco Antonio Carballo Perez, atual presidente, pelo papel fundamental que tem desempenhado. Mesmo em tempos de tantas dificuldades causadas pela pandemia, o Clube de Aeronáutica está conseguindo manter-se como um ambiente seguro de confraternização e como um dos mais representativos baluartes da verdade e da liberdade.
Parabenizo, também, os funcionários, os colaboradores e a equipe administrativa desta conceituada entidade que proporciona lazer e bem-estar a seus associados. Obrigado por acolherem e apoiarem as diversas famílias de nossa Força.
Por fim, lembrem-se de manter as tradições cultuadas e os interesses maiores do Brasil vivos no seio de nossa Instituição, sempre baseados no propósito de formar uma opinião serena e segura quanto aos assuntos que emolduram a realidade nacional.
Sejam todos muito felizes! Que o Grande Arquiteto do Universo continue a iluminar seus caminhos e a trazer vida longa ao Clube de Aeronáutica!
Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida BAPTISTA JUNIOR
Comandante da Aeronáutica
Logo após a criação do Ministério da Aeronáutica, em 20 de janeiro de 1941, um grupo de oficiais se reuniu para instituir uma sociedade que congregasse a aviação e suas famílias. Mas foi no Dia do Aviador, 23 de outubro, que 84 oficiais de várias patentes do Ministério recém-criado, se reuniram na sede do Aeroclube do Brasil, para tratar da fundação do hoje, Clube de Aeronáutica (CAER).
À época, a reunião havia sido presidida pelo Cel Luiz Leal Netto dos Reis e convertida em Assembleia, presidida pelo Cel Amílcar Sérgio Velloso Pederneiras, e secretariada pelo Cel Armando Pinheiro de Andrade, quando então, elegeram uma Diretoria Provisória e um Conselho Diretor compostos pelo Ministro da Aeronáutica, Maj Brig do Ar Armando Figueira Trompowsky de Almeida, como Presidente do Conselho, e pelo Cel Eduardo Gomes, como Diretor. Eles elaboraram o Estatuto do Clube Aeronáutico, denominação usada na ocasião, porém, o estabelecimento definitivo da instituição tardaria a acontecer. Uma sucessão de ocorrências advindas com a Segunda Guerra Mundial, na qual o Brasil logo se engajaria, associada às intensas ações na estruturação do novo Ministério contribuíram para esse adiamento.
O restabelecimento veio ocorrer no dia 5 de agosto de 1946, ano seguinte ao término da guerra, em cerimônia que reuniu 314 oficiais da ativa com o propósito de retomarem o projeto da fundação do Clube por iniciativa do Maj Brig Trompowsky (História Geral da Aeronáutica Brasileira, p. 465).
Essa reunião se realizou na Diretoria do Pessoal da Aeronáutica e a Mesa Diretora foi constituída pelo então Ministro da Aeronáutica Trompowsky, Brigadeiros do Ar Gervásio Duncan de Lima Rodrigues e Raul Ferreira de Vianna Bandeira, Coronéis Aviadores Ary de Albuquerque Lima e Ignácio de Loyola Daher e Ten Cel Av Gabriel Grün Moss.
Naquele momento havia sido constituída a Comissão Organizadora do Clube, sob a presidência do Brig Ar Ivo Borges Leal, então Diretor do Pessoal da Aeronáutica. No dia 12 de agosto do mesmo ano, a Comissão reuniu-se no Gabinete do Brig Ar Ivo Borges, e criou quatro subcomissões, com o objetivo de estudar os assuntos relativos ao Estatuto, às Finanças e às sedes Urbana e Campestre. Esses assuntos foram encaminhados na segunda reunião ocorrida em 16 de agosto. Na terceira reunião, ocorrida no dia 19 do mesmo mês, foi escolhido, definitivamente, o nome Clube de Aeronáutica.
A Comissão também havia aprovado a redação final do Estatuto e a eleição de uma Diretoria Provisória, quando realizou sua oitava reunião no dia 4 de janeiro de 1946. Ainda neste ano, em 15 de julho, em dependências cedidas pelo Clube Militar, tinha sido realizada a Primeira Assembleia Geral Ordinária, na qual foi eleita a primeira Diretoria e os membros do Conselho, que seguem na página posterior (conforme Portaria n° 252/GM3).
Presidente | Maj Brig Ar Fábio de Sá Earp |
1º Vice-Presidente | Brig Ar Henrique Raymundo Dyott Fontenelle |
2º Vice-Presidente | Ten Cel Av Miguel Lampert |
1º Secretário | Maj Av Dionísio Cerqueira de Taunay |
2º Secretário | Maj Av Aldacir Ferreira e Silva |
1º Tesoureiro | Cel Int Manoel Narciso Castelo Branco |
2º Tesoureiro | Maj Av Paulo Sobral Ribeiro Gonçalves |
Beneficente | Brig Ar Armando Pinheiro de Andrade |
Técnico-cultural | Cap Av João Felipe Perdigão M. Fonseca |
Desportivo | Maj Av Flávio de Souza Castro |
Facilidades | Cap Av Ruy Barbosa Moreira Lima |
Econômico | Cel Int Luiz Peres Moreira |
Imobiliário | Cel Int Antonio Sanromã |
Recreativo | Cap Av Ubiratan Favilla |
Em menos de um mês, após a constituição da diretoria, o primeiro aniversário de fundação do CAER foi comemorado com uma Sessão Magna, no dia 5 de agosto de 1947, nas dependências do Clube Naval, para a tomada de posse da Presidência, pelo Brig Ar Fábio de Sá Earp, e contou com a presença do presidente da República, General de Exército Eurico Gaspar Dutra; do Vice-presidente da República, Senador Nereu Ramos; Vice-presidente da Câmara dos Deputados, Deputado José Augusto; de vários ministros e de altas autoridades. Naquele momento histórico, o Maj Av Dionísio Cerqueira de Taunay apresentou a ata de posse perante a mesa diretora.
O Maj Brig Ar Armando Figueira Trompowsky de Almeida, então ministro da Aeronáutica, que presidiu a Assembleia Geral Ordinária (AGO) do CAER, referente à sua fundação ocorrida no dia 5 de agosto de 1947, explanou as seguintes palavras para os presentes:
“Senhores. Estamos aqui reunidos em torno de uma ideia que ansiamos corporificar. Não é nova como sabeis a intenção de criarmos o Clube de Aeronáutica. Em 1941 foi lançada a primeira tentativa, mas foi também nessa época que nossas preocupações decorrentes da situação internacional começaram a nos absorver completamente com proveito dos altos interesses da nossa Pátria. Não se pode deixar de reconhecer que a semente germinou; a nossa presença aqui é, sem dúvida, uma prova disso. Trata-se de instalar o Clube de Aeronáutica num lugar comum a mais, que nos congregue também quando fora de nossas atividades. Com essa compreensão aceitei presidir a abertura desse conclave. Vi no vosso convite a gentileza do apreço ao companheiro mais antigo que um pouco antes de vós ansiou pelo progresso da Nação, passando pelas mesmas etapas que hoje atravessais. A vida é assim mesmo, meus camaradas; as gerações se vão sucedendo, cabendo aos que chegam, podeis crer, um legado cheio de sacrifícios as asperezas dos que na sua frente caminham. Debaixo do conceito que o Clube virá reunir ainda mais a família aeronáutica, ajudará a formar a sua tradição de glórias e respeito, contribuirá reforçar o nosso sentimento de cooperação, atenderá a uma irmanação de propósitos com nossos camaradas do Exército e da Marinha, eu vejo com simpatia a sua instalação e prevejo o seu progresso. Com o mesmo sentimento de apreço agradeço, na qualidade de mais antigo, a vossa presença que traduz bem os caracteres de boa formação de uma classe que repele pelo respeito de uma legítima compreensão o que abastarda e mesquinha. Está instalado o Clube e com isso convosco me congratulo.”
O principal objetivo de sua criação era e é permitir o estreitamento dos laços de solidariedade entre oficiais da Força Aérea, bem como a manutenção das tradições, o que significa vivenciar os valores morais e éticos, o amor à terra brasileira, a identidade cultural e a consciência histórica da pátria.
Desde a sua fundação até o final de 1990, o Clube de Aeronáutica era presidido por um oficial general da ativa do mais alto posto. A partir de janeiro de 1991, o Alto-Comando da Aeronáutica decidiu que o Clube seria presidido por Oficiais da Reserva e eleitos pela Assembleia Geral Ordinária.
O Clube de Aeronáutica construiu a sua história na consolidação do elo entre o passado, o presente e o futuro que se confundiram com a epopéia do próprio Ministério da Aeronáutica. A associação perdura com o respaldo da visão dos que a conduzem até hoje, com a presença dos oficiais da ativa e da reserva, do Comando da Aeronáutica bem como do próprio presidente que assume a instituição.
(Fontes texto e imagens: CPDOC/FGV; História Geral da Aeronáutica Brasileira; Portaria n° 252/GM3)
Foram anos para o Clube de Aeronáutica obter o seu espaço definitivo e se estabelecer em um local fixo. Suas reuniões eram realizadas em sedes provisórias até chegarem às sedes fixas construídas com muito esforço e dedicação por parte das Diretorias que passaram pela instituição.
Sob a condição de “Utilidade Pública”, durante todo o seu percurso, o Clube passou por desafios, o primeiro deles foi a locação de espaço para o funcionamento da sede provisória que se iniciou na rua México, 74, localizada no centro do Rio de Janeiro, conforme ata 262 e que diz respeito a sua fundação, registrada dia 1º de março de 1947. As primeiras reuniões ocorreram no 8º andar de um prédio da avenida Churchill, nº 129. Já da sétima reunião, realizada em 22 de março de 1948, até a 72ª, em 16 de outubro de 1950, aconteceram na nova Sede, localizada no Edifício Delta da rua Álvaro Alvim, número 21, 16º andar, na Cinelândia.
Em virtude de ter-se projetado pela atuação na sua comunidade, o CAER foi considerado de Utilidade Pública pela Lei nº 344, de 19 de setembro de 1949 (Portaria n° 252/GM3).
Em 23 de outubro de 1950, ocorreu a inauguração da primeira sede intitulada como Sede Náutica (própria), na Praça XV de Novembro (RJ), justamente no prédio em que havia sido o Pavilhão de Caça e Pesca, e realizado o tradicional Baile do Aviador, que se mantém até os dias atuais, excetuando os anos 2020 e este 2021 quando o mundo vivencia a pandemia da COVID-19, necessitando o isolamento da população e a proibição de grandes festividades para se evitar o contágio.
O antigo Pavilhão havia sido construído para ser usado na Exposição do Centenário da Independência do Brasil, em 1922, e teve a área cedida, a título precário, pelo Ministério da Aeronáutica. Também nas suas dependências foram construídas as piscinas (adulto e infantil), as quadras de esporte, áreas ajardinadas, vestiários e um bar à beira-mar, que ficou conhecido como Kanequinho. Ali também havia funcionado inicialmente o Hotel de Trânsito, conhecido como Hotel do CAN (reservado aos oficiais que pernoitavam pelo Rio de Janeiro); os serviços administrativos e o salão de festas conhecido como Salão Azul, que foi modificado para a ampliação do hotel, além de as instalações terem sido aumentadas por conta da Estação de Hidroaviões, cuja ocupação ocorreu em 1955, com a autorização do então Brig Ar Eduardo Gomes. Os salões da Estação de Hidroaviões foram transformados em restaurante - usado pela oficialidade do Ministério da Aeronáutica - e espaço de festas (Salão Mármore).
Após sete dias da sua estreia, em 30 de outubro de 1950, acontecia a 73ª Reunião da Diretoria, mas ainda na sede própria então intitulada Sede Social, localizada na rua Santa Luzia, no Edifício atualmente conhecido como Santos-Dumont (História Geral da Aeronáutica, p. 468). E foi em 1959, com a cessão definitiva do terreno de 5.108 metros (Decreto nº 27.240, de 16/11/59), que se criou o projeto de Sede Náutica, depois denominada Sede Desportiva, a ser construída com expansão nas áreas adjacentes ao Pavilhão de Caça e Pesca e à Estação de Hidroaviões.
Na planta acima, observa-se o projeto original da Sede Náutica (hoje Sede Central) do Clube de Aeronáutica, que seria construída com o aproveitamento do prédio da antiga Estação de Hidroaviões. No plano da nova sede estava sendo cogitada a ampliação e remodelação do Hotel do Clube, a fim de que os associados, em trânsito no Rio de Janeiro, pudessem ser atendidos com mais conforto. Para tal, a Diretoria do Clube de Aeronáutica havia entrado em entendimento direto com a extinta Superintendência de Urbanização e Saneamento do Rio de Janeiro (SURSAN) e o futuro prédio, afastado cerca de 10 metros da ex-Estação de Hidroaviões, tendo a sua fachada obedecendo ao estilo arquitetônico da mesma e constando quatro andares, com aproximadamente 1.770 m² de área coberta cada um, uma vez que o prédio se insere no tombamento histórico.
A construção do antigo Hotel do CAER ocorreu sob o gerenciamento do 2º Vice-Presidente do Clube, o então Cel Av Manuel José Vinhaes, e à época, encontrava-se em pleno desenvolvimento de suas respectivas obras e de ampliação e modificação de suas instalações, visando ao aproveitamento de parte da área até então utilizada pelo restaurante. Concluída a obra, o Hotel passou a contar com 18 quartos de dois lugares, dois apartamentos para oficiais-generais, rouparia, vestiário, banheiro para empregados, portaria com dormitório, salão de estar e bar para atender, exclusivamente, aos hóspedes.
A cessão do terreno ocorreu por meio do Decreto nº 27.240, de 16 de novembro de 1959, autorizada ao Clube de Aeronáutica, do terreno acrescido de marinha, com a área de 5.107 m, situada na Praça Marechal Âncora, no Distrito Federal (local onde funciona o Clube atualmente)
O terreno havia sido cedido à construção da Sede Náutica do Clube, iniciada no ano seguinte, ou seja, em 1960. Pelo Decreto nº 27.241, também de 16 de novembro de 1959, foi cedido à Prefeitura do então Distrito Federal o terreno acrescido de marinha com a área de 1.263 m², situado na mesma Praça, para prosseguimento da obra de urbanização da Avenida Perimetral, no trecho que atravessa a Praça Marechal Âncora.
Com a publicação desses dois decretos, foi iniciada a demolição de parte da antiga sede provisória do Clube, transferida no final do mesmo ano, para a ex-Estação de Hidroaviões. Assim também o restaurante, a gerência, o bar, a sala de estar etc. No dia 20 do corrente ano, havia sido feita, na sede do Clube, a distribuição dos brinquedos de Natal. A planta ao lado mostra como o Hotel seria construído.
Atualmente, o hotel se encontra em outra localização na Sede Central. Sua recepção fica na entrada do Clube, ao lado da Secretaria Geral, possui 38 apartamentos do tipo suíte, distribuídos em dois andares, com elevador, além de escadas interligando os quartos, e uma bela vista panorâmica da Baía da Guanabara, em sua cobertura, que pode ser acessada pelos hóspedes, para deleite de todos.
O mais novo entretenimento do Clube, que havia sido aprovado pelo Conselho Deliberativo, em sessão realizada no dia 17 de março de 1960, foi construído e inaugurado no início de 1961.
Filhos dos sócios entraram na água para inaugurar a tão aguardada diversão que também se tornou atração para as famílias, que se reuniam sob a pérgola da piscina aos finais de semana para almoçarem.
Na ocasião, o Diretor Cultural Cel Av Paulo Fernando Peralta, agradeceu a presença do diretor de Esportes Aquáticos do Fluminense e das nadadoras do Clube esportivo. Também o Diretor Social do CAER e sua esposa, agradeceram à Piedade Coutinho pela sua presença na inauguração da piscina.
Vinte e dois anos após a constituição e devida formação da Diretoria do Clube de Aeronáutica iniciou-se o processo de instalação da sua Sede Social no prédio situado entre a rua Santa Luzia, número 627 a 651 atuais (anteriormente números 47, 51 e 53) e a Avenida Graça Aranha, no Rio de Janeiro, então estado da Guanabara.
Pelo Decreto nº 60.282, de 2 de março de 1967, o Presidente da República Humberto de Alencar Castelo Branco autorizava a cessão do terreno de marinha, destinado exclusivamente à construção da Sede Social do CAER. Aquele terreno havia sido cedido desde 1948, pelo então Presidente, o General de Exército Eurico Gaspar Dutra (1946-1951) por meio de um contrato de enfiteuse. Pelo mesmo decreto, ficou o Clube de Aeronáutica autorizado a:
O Clube havia aberto uma concorrência para selecionar a empresa que construiria a sua sede social e a Serviços de Engenharia Continental (Servenco) venceu com o seu projeto. Mas devido aos recursos financeiros da instituição à época, o adiamento havia sido necessário. Após muitos esforços e vencer inúmeras dificuldades, a Diretoria concretizava assim, seu outro grande sonho. No dia 1º de novembro de 1968 foram concluídos os trabalhos de sondagens do terreno para o cálculo das fundações e ultimação da licença de construção da sua Sede Social.
A inauguração do prédio ocorreu somente em 28 de novembro de 1975, com 36.979 m² de área coberta, projeto mais amplo que o original, com 141 metros de altura, composto por 42 andares, o prédio com maior número de andares na cidade carioca. O salão de festas, de 445 m², ficou no 11º andar, com escada de acesso ao jardim do terraço. Os órgãos da Diretoria do Clube se instalaram no 12º andar.
Na conclusão do Edifício, à época, denominado Edifício Clube de Aeronáutica, também havia sido inaugurado o Salão Santos-Dumont para a realização dos eventos da instituição, com a presença do Brig Ar Deoclécio Lima de Siqueira, Brig Ar Clóvis Labre de Lemos, Brig Ar Antônio Geraldo Peixoto e do Cel Av Aldo Ferreira.
No entanto, a alegria da mudança ainda viria a acontecer. Devido a escassez de recursos financeiros, o clube só se transferiu para lá dois anos depois, inaugurando a sua nova sede em 5 de agosto de 1977, ocupando 12 andares, e o que viria a ser o restaurante panorâmico giratório La Tour. O primeiro da América do Sul, situado no último andar, onde os visitantes podiam vislumbrar, durante uma hora, toda a beleza da redondeza que incluía a Baía de Guanabara, o maciço da Serra da Carioca, a região serrana fluminense, o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor, a Ponte Rio-Niterói, o estádio do Maracanã, Niterói, parte da Zona Norte e subúrbios, o Aterro do Flamengo e todo o centro da cidade.
O estabelecimento ficava em um tipo de plataforma giratória com sistema de engrenagens que levava cerca de 70 minutos para um giro completo. Apesar de tamanha inovação, o restaurante só funcionou entre 1976 e 1993. Em paralelo, a dispendiosa manutenção da nova Sede Social trouxera para o Clube dificuldades de ordem econômico-financeiras que eram amenizadas com aluguéis de salas e arrendamento dos restaurantes do 2º andar e do panorâmico. Até mesmo o luxuoso hotel montado no 5º, 6º e 7º andares foi vendido ao Ministério da Aeronáutica, com direito à posterior recompra - visando levantar verbas para projetos especiais (o que viria levar o Clube a tomar vultoso empréstimo na Caixa Econômica Federal)
A situação financeira do Clube fez a Diretoria adotar medidas para não agravar mais a condição do momento. A solução então tomada foi o remanejamento das instalações na Santa Luzia para a Praça Marechal Âncora, o que implicava na sua modernização, incluindo, dentre outras obras, a remodelação do hotel de trânsito adaptando-o para receber a Administração; construção de novo hotel, mais funcional e menos dispendioso para os hóspedes; recuperação da piscina e construção de instalações de apoio, como bar e vestiários; construção de novo restaurante; e restauração da Estação de Hidroaviões, fazendo do seu andar térreo salão de festas e exposições, e, no superior, salões de lazer e biblioteca. Voltando à “Sede Velha”, novas fontes de renda surgiram, provenientes de aluguel das instalações então desocupadas na sede da rua Santa Luzia.
As atividades na nova sede tomaram também um novo rumo, atraindo os sócios com jantares, bailes, exposições e suas novas dependências inauguradas, como a piscina e o hotel. O sonho continuara, e o espetáculo da paisagem anteriormente propiciado pelo arranha-céu da Santa Luzia, é agora substituído pelos reflexos da natureza na bela Baía de Guanabara.
Passaram-se duas décadas das cessões dos terrenos e em 1982 novos projetos começam a ser elaborados, incluindo a modernização da Sede Náutica da Praça Marechal Âncora, o remanejamento da Sede Social; a construção da Sede Campestre na Barra da Tijuca e a adequação da Sede Lacustre. Assim, as obras planejadas começam a ser construídas.
Em 17 de julho do mesmo ano (1982), na atual denominada Sede Central situada na Praça Marechal Âncora, foi realizada uma gincana artística denominada Santos- -Dumont, promovida pelos Departamentos Social e Técnico-Cultural, tendo como tema a preservação histórica da memória da Sede Desportiva, que entrava em fase de demolição. Do evento participaram 68 artistas, disputando medalhas de ouro, prata e bronze, além de menções honrosas nas modalidades de pintura e desenho. O Clube adquiriu 16 telas e recebeu quatro doações que, após permanecerem em exposição no salão da Estação de Hidroaviões, foram incorporadas ao acervo do Clube.
Em fins de 1983, terminadas as obras de modernização, a Administração do Clube ocupou totalmente as novas instalações na Praça Marechal Âncora. Em 23 de outubro de 1984, com o apoio do então Ministro da Aeronáutica, Ten Brig Ar Délio Jardim de Mattos, sob a administração do Ten Brig Ar Waldir de Vasconcellos, foi inaugurada a Sede Administrativa. Neste espaço estão as salas da Presidência do CAER, os Departamentos Beneficente, Cultural, Pessoal, Financeiro, Jurídico, Patrimonial, Centro de Processamento de Dados (CPD) e Conselho Deliberativo.
Em 1987, já no novo prédio da Administração e salão de bailes construídos (ocupando a área do antigo Pavilhão de Caça e Pesca), o Clube de Aeronáutica cedeu a Estação de Hidroaviões (tombada como Patrimônio Histórico) para o Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (INCAER), órgão do Gabinete do Ministro, então recém- -criado, e que iniciara as suas atividades em 1986, em dependências também cedidas pelo Clube.
Até hoje, sempre visando ao bem-estar do quadro social, atualmente integrado por oficiais das Forças Armadas e Auxiliares, elementos da Aviação Civil e pessoal civil, o Clube de Aeronáutica, extrapolando a sua atuação no campo do lazer, tem dirigido seus esforços para outras prestações condignas de serviço, buscando exercer suas atividades nos setores mais úteis para seus sócios e para a Aeronáutica.
Conhecida como Sede Lacustre, é localizada na Praia de Massambaba, em Figueira, município de Arraial do Cabo, próximo a Cabo Frio, e distante do mar a apenas 200 metros.
Em 1965, o Clube havia recebido por doação o Campo de Bagatelle, terreno de 11.500m². Naquele local iniciou-se a construção da Sede Praiana, com um prédio em forma de asa delta, ocupando uma área de 66m². Previa-se seu incremento, com a ampliação de suas instalações de forma a proporcionar mais conforto aos associados do Clube, que já a frequentavam fazendo do campo de Pouso de Bagatelle área para camping.
O espaço foi todo reformado durante oitos meses, na gestão do Maj Brig Ar Marco Antonio Carballo Perez e finalizado em outubro de 2021. Possui oito suítes equipadas com frigobar, TV e ventilador de teto e oferece acomodação para três pessoas por suíte. Também há no local, campos de futebol, quadra de vôlei de praia, playground, caiaques e pedalinho para aluguel e churrasqueira coberta com serviços de apoio. Possui ainda uma pista de pouso para aeronave ultraleve, um deck mobiliado com guarda-sol, cadeiras e mesas, além de estacionamento com segurança 24 horas. Atualmente representa mais uma opção de lazer e férias para os associados.
A criação da Sede Barra, localizada na Barra da Tijuca, foi problemática para a Administração do Clube, mas foi concretizada. Após tentativas infrutíferas, em 1968, para conseguir a doação pelo Governador do então Estado da Guanabara, Francisco Negrão de Lima, de áreas às margens da Lagoa Rodrigues de Freitas, as atenções da Diretoria do Clube dirigiram-se aos terrenos cedidos pelo Ministério da Aeronáutica, na Ilha do Governador. Eram 190 mil metros quadrados situados na Fazenda do Galeão, que, desde 1952, foram postos à disposição do Clube. À semelhança do acontecido com o terreno da rua Santa Luzia, a área do Galeão teve sua efetiva ocupação retardada. Por fim, a construção e o funcionamento de um hotel no local não foram avante por questões judiciárias com a firma construtora. Em suas proximidades, a Prefeitura de Aeronáutica do Galeão passou a construir um conjunto de apartamentos e casas para a Vila de Oficiais, enquanto também se iniciaram as obras do Hospital de Força Aérea (HFAG). Com isso, houve grande redução da área disponível, o que tornou inadequada a construção da Sede Campestre naquele local, que acabou sendo devolvido ao Ministério da Aeronáutica (as inacabadas obras do hotel foram posteriormente aproveitadas para a construção da Casa Gerontológica da Aeronáutica).
Depois de pesquisadas várias outras áreas, a Diretoria do Clube escolheu e propôs ao Ministro da Aeronáutica a cessão de terrenos contíguos ao Aeroporto de Jacarepaguá, às margens da Lagoa, com área equivalente à da Fazenda do Galeão e mais uma ilha de cerca de 60 mil metros quadrados (Ilha Jardim). Providenciou-se, então, a elaboração dos projetos de construção da Sede Campestre, que ficaram a cargo do arquiteto Milton Ramos, o mesmo que já projetara a sede do Clube de Aeronáutica de Brasília, e estava encarregado também dos projetos de modernização da Sede Velha, na Praça Marechal Âncora. Basicamente, previa-se para a Sede Campestre a construção de quiosques para churrasco e piqueniques, restaurante, área de esporte, chalés para aluguel em fins de semana e férias, campo e hangar para operação de voo com ultraleves, ancoradouros e garagens para barcos. Todas essas projeções foram construídas em 1982, e em 1984, com festividade envolvendo toda a diretoria do CAER houve a inauguração da Sede Barra, assim denominada atualmente. Um espaço campestre, aerodesportivo, de descanso, de aprendizagem e festividades para o sócio e toda a sua família.
Dentre tantas narrativas gloriosas do Clube de Aeronáutica se encontra a da criação do Clube de Voo Ten Brig Ar Waldir de Vasconcelos, em 1984, o qual constitui o atual Departamento Aerodesportivo, situado na Sede Barra. Desde a sua fundação, o Clube de Voo tem por objetivo proporcionar o prazer do voo aos oficiais aviadores e demais sócios do CAER, além de difundir os ideais aeronáuticos, abrigar as aeronaves do clube e disponibilizar as vagas livres para sócios.
Criado pelo então diretor do Departamento de Aviação Civil (DAC), Ten Brig Ar Waldir de Vasconcelos, cujo nome está no próprio Sítio de Voo do Clube, em sua homenagem, com o tempo teve a capacidade do hangar esgotada, passando a ser grande o número de sócios que pediam a construção de um novo hangar. Entretanto, a situação econômica do Clube de Aeronáutica não permitia essa despesa.
A construção de um novo hangar e de uma pista para uso dos ultraleves teve início na gestão do seu primeiro diretor, Maj Brig Ar Lauro Ney Meneses, falecido em 2015.
Em 1998, o DAC concedeu ao CAER, especificamente para a sua sede localizada na Barra, a qualificação de Sítio de Voo. O Ofício nº 211/3 DT-3/2204, de 4 de setembro de 2002, do Serviço Regional de Aviação Civil 3 (SERAC 3) prevê essa concessão atualizada. Também nesse ano foram publicadas as normas que regem as atividades do voo de ultraleves, e que deveriam ser seguidas por todos os operadores desse tipo de aeronave (RBHA 103A, Portaria nº 927/DGAC, de 4 de junho de 2001, publicada no n° 140, de 20 de junho de 2001).
Em 2009, o Comando Aéreo Leste (III COMAR) fez um Plano Diretor da Sede Barra, onde estava prevista uma área para novo hangar, a fim de atender a demanda de sócios proprietários de aeronave que pleiteavam hangaragem no clube.
Em 15 de setembro de 2011, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) aprovou a escola de voo. Para cumprir as exigências, foi construída, na Sede Barra, uma sala para os pilotos e um vestiário feminino (Certificado de Autorização n° 290/ANAC-SSO/2011, válido por cinco anos).
A partir destas certificações, o Clube de Voo decolou e seguiu com novas construções para atender os associados e os amantes de atividades aerodesportivas. Na gestão do Maj Brig Ar Marcus Vinícius Pinto Costa (2014-2018), dois grandes hangares foram construídos para abrigar mais aeronaves.
Os esforços da presidência do CAER têm sido constantes para manter em alta a movimentação no Sítio de Voo, que se estende ao Espaço Birutinha. Assim, o local continua sendo um ponto de alegria que se traduz no ideário da aviação brasileira.
O Departamento Social do CAER desde a sua criação tem contribuído não apenas para o entretenimento do associado, mas também para o congraçamento dos círculos militares, a integração social e o fomento de relações sociais como forma de preservar a memória afetiva e os interesses da instituição. O clube foi palco de diversas solenidades, encontros, reuniões e festividades, envolvendo também personalidades externas
As solenidades realizadas no clube marcam para sempre a sua história. Importantes eventos sociais e militares movimentaram os salões sociais, como o Baile do Aviador, o de Debutantes, as Festas de Carnaval e o Dia das Crianças, dentre outras festividades.
Inegavelmente, os bailes de Debutantes na década de 60 foram efusivos no Clube de Aeronáutica. Eram festas de graça e beleza com diversas jovens da sociedade realizando o sonho das suas 15 primaveras. Em um dos bailes de 1968, que reuniu 20 garotas, a oradora do grupo foi a senhorita Katia Regina Hostilio Cervantes, que traduziu em nome das demais debutantes, com entusiasmo puro e juvenil, toda alegria e emoção que invadiram aqueles corações palpitantes. Foi paraninfo das debutantes o Maj Brig Ar Francisco Bachá, Vice-Presidente do Clube à época. O programa foi organizado pelo Cel Pedro Vercillo e não faltaram esmero e carinho dos demais diretores. A valsa e a parte musical estiveram a cargo da batuta do D´Angelo e seu conjunto. O fundo musical de piano foi executado pelo companheiro da Diretoria do Clube Alesio Milton Corrêa de Barros. O apresentador Ribeiro Martins anunciou na passarela a presença das senhoritas Angela Maria Araripe de Oliveira, Angela Maria Barros de Alvarenga, Ana Cristina Novaes Eichin, Claudia Márcia Castello Branco, Denise Hermann Telles, Dilma Rocha Paranhos, Eliane Bezerra Cavalcanti, Elizabeth Maria Monteiro Goes, Katia Regina Hostilio Cervantes, Leila Daemon de Oliveira, Lucila Vasconcellos Diniz, Maria de Fátima Alarcon Gonçalves, Maria Cristina Fish de Miranda, Maria Cristina de Albuquerque Jacques, Marise da Silva Pinto, Nazareth Hermann Telles, Nelma Victor de Oliveira, Neuda Palmeira de Almeida, Tereza Cristina Rollo de Abreu e Therezinha Macedo Filho, cujos pais e convidados não pouparam os merecidos aplausos pelo entusiasmo e alegria do desfile.
A alegria promovida pelo Departamento Social do Clube de Aeronáutica se estendia às crianças em diversas ocasiões. No dia 12 de outubro de 1964, os salões estavam abertos novamente aos seus “sócios mirins”, comemorando mais um “Dia das Crianças”. Pelas fotos, pode-se bem constatar a alegria da criançada, com os divertimentos que lhe foram proporcionados.
Os carnavais promovidos pelo CAER eram sempre muito animados, divertidos. Os associados se lembram com carinho dessas festas comemorativas, que eram estendidas também às crianças. Em 1969, o carnaval infantil em que a decoração do salão era denominada “O Computador Eletrônico no Samba”, um complexo sistema de som e luzes, um computador eletrônico, uma nave espacial com um painel gigante, deram aos foliões a real sensação de estarem navegando no espaço (p. 55). Conforme o ritmo da música, que esteve a cargo de D’Angelo e seu conjunto, as cores iam se alterando, dando lugar a uma decoração diferente. A orquestra que animou os bailes ficou localizada em uma “nave espacial”, que tinha ao fundo um painel de 100 metros quadrados, visualizando o Universo. Colchões plásticos transparentes produziam efeitos de infinito ao ambiente. A decoração do clube, que esteve a cargo de Marco Antônio Studio, foi a vencedora da “Decoração na Região Administrativa”. As fotografias exclusivas da Revista Aeronáutica mostram bem a animação que reinou nos salões do clube durante as Festas de Momo de 1969.
O tradicional e efervescente Baile do Aviador, realizado em comemoração ao Dia do Aviador e da Força Aérea Brasileira, acontece no CAER até hoje, seja no seu dia apropriado, 23 de outubro, ou em datas aproximadas, e conta com o entusiasmo e o congraçamento de militares da ativa e da reserva nesta grande festividade.
Ao longo das décadas, essa noite de comemoração pelo Dia do Aviador tem sido uma data magna. Honras e condecorações marcam os bailes promovidos no clube, onde já se reuniram mais de 700 participantes, dentre militares e convidados. Bandas com músicas ecléticas e performances teatrais animaram muitos bailes, agradando a todos os presentes.
Em 2020 e 2021 não foi realizado o tradicional Baile do Aviador devido à pandemia da COVID-19, que manteve a sociedade isolada e distante de eventos com aglomeração de pessoas, para evitar novas contaminações. O CAER manteve durante este período o compromisso e a responsabilidade com os seus associados e com o público em geral, retomando suas atividades conforme autorização sanitária e protocolos de saúde determinados pela Secretaria de Saúde da cidade do Rio de Janeiro.
Realizou-se, no dia 1º de maio de 1968, na sede do Clube de Aeronáutica, a “Festa da Caneca”, que levou ao nosso clube um grande número de associados e convidados. Durante a festa foi distribuída, gratuitamente aos presentes, uma caneca com o brasão da instituição, o que muito agradou a todos que passaram agradáveis horas com muita alegria e muita cerveja. A fotografia ao lado, feita pela reportagem da Revista Aeronáutica, mostra a “jovem guarda” em pleno “embalo”.
Baile do Aspirantado da Turma de 1963. Aspirante Bambini com sua namorada Neide, que se tornou sua esposa, em 1966 Durante algumas décadas o Baile do Aspirantado foi realizado no Clube de Aeronáutica (CAER), coincidindo com o dia da solenidade de Declaração de Aspirantes.
Muitos eventos ocorreram na época em que a antiga Escola de Aeronáutica se localizava no Rio de Janeiro, no lendário Campo dos Afonsos, berço da aviação brasileira.
Era o clímax de um período de intenso labor, de muitas lutas, que culminavam com a realização de um sonho: o de ser aspirante a oficial da Força Aérea Brasileira.
Os bailes começavam às 23 horas, se estendiam até a madrugada, terminando com as luzes do amanhecer, num ambiente de muita alegria. À meia-noite, os aspirantes dançavam duas valsas, a primeira com as mães ou madrinhas e, a segunda, com as namoradas.
Os aspirantes comemoravam com intensa alegria o dia inesquecível, alguns estavam inebriados e todos pareciam estar voando num céu de plena felicidade. A partir de um determinado horário, as valsas, os sambas e os boleros eram substituídos por músicas carnavalescas e uma imensa euforia dominava o ambiente.
Os bailes terminavam sempre com a música “Cidade Maravilhosa”, considerado o hino da cidade do Rio de Janeiro. Era cantado por todos e, ao final, o evento era encerrado com os abraços e as despedidas marcados pela emoção.
Personalidades ilustres participaram da inauguração das instalações da Sede Social do Clube de Aeronáutica, na época em que era situada no então Edifício Clube de Aeronáutica (hoje Santos-Dumont), no dia 28 de novembro de 1975, às 21 horas, em autêntica noite de gala. A placa inaugural foi descerrada pelo ministro da Aeronáutica, Ten Brig Ar Joelmir Campos de Araripe Macedo, acompanhado pelo governador do estado do Rio de Janeiro, Alte Floriano Peixoto Faria Lima. Altas autoridades civis e militares realçaram a solenidade. Além do prefeito Marcos Tamoyo, diversos oficiais generais do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, também compareceram acompanhados de suas esposas, tendo sido também notada a presença de ilustres personalidades que, pelo seu elevado número, não foram relacionadas. Depois do ato de inauguração no “hall” do edifício, todos se dirigiram ao Salão de Festas, onde o Presidente do Clube, Maj Brig Ar Francisco Bachá, pronunciou o seguinte discurso:
“Vinte e oito de novembro de 1975 passa a representar uma data marcante para o Clube de Aeronáutica, para a Força Aérea Brasileira, para o estado do Rio de Janeiro e, porque não dizer, para o próprio Brasil. Para o primeiro porque, desde a sua fundação, aspiravam os nossos associados a uma sede condigna, à altura dos clubes congêneres; de sorte que agora era transformado em realidade um sonho que durou mais de vinte e cinco anos. Para a Força Aérea Brasileira, porque os seus integrantes, juntamente com seus familiares, passarão a dispor de todas as facilidades que um clube moderno lhes poderá proporcionar, desde o estacionamento para automóvel até a hospedagem em apartamentos dotados de ar condicionado, bem como de moderníssimo sistema de som e televisão. Esta é uma data marcante para o nosso estado porque, sendo este o seu edifício mais alto e mais completo, ocasionou a transformação do panorama onde se encontra, passando a representar significativo ponto de referência desta progressista cidade do Rio de Janeiro. É, também, uma efeméride especial para o Brasil porque, dentro de pouco tempo, estará em funcionamento neste edifício o primeiro restaurante panorâmico giratório da América do Sul, de onde se descortinará a vista mais linda do mundo. Estamos, por conseguinte, meus senhores, de parabéns, por havermos conseguido reunir uma série de fatores que nos permitiram a concretização desta obra, desde a seleção dos integrantes da Comissão de Construção, da firma Servenco que venceu a concorrência entre as maiores organizações do gênero do Rio de Janeiro e de São Paulo, além do alto nível de entrosamento e respeito mútuo mantidos pelas duas equipes responsáveis pelo empreendimento. Por outro lado, a extrema dedicação dos oficiais que integraram a Diretoria do Clube nos três últimos biênios, aliada à capacidade de trabalho, dedicação e excepcional noção de responsabilidade daqueles que constituíram a Comissão de Construção, bem como o irrestrito apoio e colaboração prestados pelos ilustres membros dos conselhos Fiscal e Deliberativo, cabendo assinalar a figura ímpar do Mal Ar Fábio de Sá Earp e o amparo incondicional dos seus pares, onde sempre avultou a personalidade extraordinária do Mal Ar Eduardo Gomes, nos facilitaram levar a bom termo a missão a que nos propusemos cumprir. Por isso, graças a Deus, hoje, com a humildade que nos é peculiar e fiéis ao princípio de que, ‘Quem não nasceu para servir, não serve para viver’, podemos dizer missão cumprida. Assim, pois, senhor ministro Araripe Macedo, digníssimo representante do Excelentíssimo senhor Presidente da República, a honra da presença de Vossa Excelência a este ato constitui, para nós, motivo de grande júbilo e mesmo de felicidade, pelo que agradecemos de coração. Desejamos, também, agradecer, muito penhorados, o comparecimento do governador do estado do Rio de Janeiro, assim como o de todas as altas autoridades e convidados que, atendendo ao nosso convite, abrilhantaram de muito esta solenidade. Para finalizar, desejamos prestar justa homenagem àquelas personalidades que mais colaboraram conosco, no sentido de tornar possível a transformação dos nossos sonhos em realidade. Por esse motivo, a diretoria do Clube de Aeronáutica, com a homologação do Conselho Deliberativo, muito oportunamente, criou um Quadro de Honra, a cujos integrantes serão entregues agora, pelos respectivos padrinhos, uma Medalha Comemorativa e o correspondente Diploma: Presidente Eurico Gaspar Dutra - Homenagem Póstuma; Mal. Eduardo Gomes; Mal. Fábio de Sá Earp; Mal. Américo Leal; Ministro Joelmir Campos de Araripe Macedo; Ministro Armando Perdigão - Homenagem Póstuma; Ministro Gabriel Grün Moss; Embaixador Francisco Negrão de Lima; Dr. Antônio de Pádua Chagas Freitas; Ten Brig Paulo Sobral Ribeiro Gonçalves; Ten Brig Délio Jardim de Mattos; Brig Joaquim Vespasiano Ramos; Brig Everaldo Breves; Brig Oswaldo Terra de Faria; Brig Protásio Lopes de Oliveira; Dr. Jacob Steinberg; Dra. Clara Steinberg; Comandante Omar Fontana; Dr. Chulem Derbander; Dr. José Scheinkman; Sr. Nello Zaninotto; Sr. José Bulcão Vasconcellos; Dr. Abrahão Hirszman; Dr. Henryk Frojmowicz; Dr. Alfredo Simões; Arquiteto Fernando Abreu; Arquiteto Max Gruzman; Arquiteto João Vicente do Amaral Mello; Maj Edenir Fróes; e Mestre José Trajano da Silva.
Comissão de Construção - Maj Brig Ar Francisco Bachá; Maj Brig Ar José Vicente Cabral Checchia; Cel Lauro Klüppel Junior; e Cap Arthur Carlos Bandeira. Concluindo a solenidade de inauguração das instalações da nova sede do Clube de Aeronáutica, temos a honra de convidar os presentes para o ‘show’, seguido de coquetel, tudo de acordo com o programa elaborado para comemorar este acontecimento de tão significativa relevância para o Clube de Aeronáutica, para a Força Aérea Brasileira, para o Estado do Rio de Janeiro e para o próprio País”.
Concluído o discurso do Maj Brig Ar Bachá, seguiu-se a recepção com o “show” de Helena de Lima, acompanhada pelo conjunto musical “Som OK-5”, enquanto o “buffet” volante era servido aos presentes. No decorrer da festa, embora não constasse do programa, as danças contagiaram a disposição de quase todos e assim tudo transcorreu em ambiente de sadia animação até os primeiros minutos do dia 29, quando os convidados deixaram a nova sede social do Clube de Aeronáutica, levando consigo uma impressão bastante favorável do ambiente acolhedor e distinto das instalações que foram inauguradas para maior conforto e lazer dos associados.
Um grupo de amigos do Marechal do Ar Eduardo Gomes reuniu-se no dia 20 de maio de 1978, na então Sede Desportiva do Clube de Aeronáutica (atual Sede Central), para entregar ao prefeito da cidade um busto do próprio Marechal, esculpido em bronze, que foi colocado, dia 12 de junho, no Largo do Correio Aéreo Nacional (CAN), na cidade que tem o seu nome. O presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, professor Pedro Calmon, orador oficial da cerimônia, pronunciou a seguinte oração:
“Há um sentimento de justiça tão profundo na homenagem que nos reúne em torno da nobre figura do Brigadeiro, há uma ideia tão vigorosa e tranquila dos seus serviços à Pátria, há tão forte unanimidade em redor de suas virtudes, que podemos considerar este momento de festa – uma antecipação. Estamos a dizer e propor o que sentenciará o futuro, revendo-lhe a imagem austera, relendo-lhe a mensagem cívica, repetindo-lhe os altos conselhos, situando-o – como a história por tantos testemunhos o situa – entre a aurora que raiou, mística, sobre as areias de Copacabana, e o apogeu audaz em que as asas do Correio Aéreo teceram nos céus do Brasil a teia inconsútil da unidade nacional.”
“Não se trata de recompor-lhe a biografia, que começou, sagrada pelo sangue do martírio, no episódio majestoso que lhe projetou o heroísmo calmo, para além das possibilidades humanas, nas sombras da imolação e da esperança. Quer-se, em caminho inverso, partindo do presente para o passado, até aquela manhã dramática de 1922, transformar a lição imensa de sua carreira numa vigília severa de reflexões e recordações, oferecida à educação da juventude, melhor dito, à consciência e à meditação da posteridade.”
“Observe-se-lhe a trajetória, desde a grande hora do holocausto até as épocas felizes em que, nos ombros do povo, conheceu nas ruas a apoteose da confiança, nos plebiscitos da democracia. Parece-nos diferentes, através do tempo, e todavia, na vontade firme, na decisão inabalável, no caráter puro, no patriotismo lúcido, no arrojo sem orgulho e na vitória sem jactância, modelo silencioso da bravura e da honradez, se mostrou a vida toda um só homem. Madrugava-lhe, nos ímpetos da adolescência, a sisudez da idade madura. Já moralmente lhe fulgiam no uniforme simples de aviador os bordados do generalato; predestinado para dar de si, à sociedade, o exemplo do admirável comportamento; saindo das angústias da mocidade tempestuosa para as ousadias do domínio dos espaços, sem que cedesse os ideais ou faltasse aos juramentos do princípio, quando, magnificamente, mergulhou no sol de julho, junto do mar que arquejava na praia luminosa, entre o aniquilamento e a Divindade, o supremo anelo de regenerar o País!”
“Não procuremos, ao longo dessa existência alçada nas alturas do voo, os desmentidos, as contradições, os recuos, as irresoluções, as dúvidas, que salteiam os precipitados, ou castigam os ambiciosos.”
“Eduardo Gomes é o mesmo, emoldurado como um símbolo nas tradições da aeronáutica, baixando à terra nas crises do regime, só entre as nuvens, cortando os ares, ou aglutinando com o prestígio do líder, superior ao chefe; acima dos argumentos da hierarquia, o sortilégio do comando; essa faculdade de ordenar, coordenar e governar, que o fez o mais querido e o mais famoso dos dirigentes de sua classe. Deve-se à sua inspiração e à sua direção a obra formidável do Correio Aéreo. Tem uma impressionante analogia com a façanha incrível dos bandeirantes, que, transpondo-o às serras, seguindo os rios, trilhando os desertos, levando nas botas viageiras os limites da Nação, lhe atiraram para o sul, o oeste, o norte, a expansão indomável. Com a diferença, porém, de que no ciclo sertanista as gerações se sucederam; foi uma epopéia de dois séculos; nela os netos obstinados completaram a tarefa dos patriarcas obscuros; fez-se, com a solidariedade dos tempos, o mapa do Brasil como um tapete sem fim, cosido nas suas cores cruas e nas suas fibras rijas pelos dedos mágicos da história. Enquanto estoutra proeza, de assegurar-lhe a integridade sob a proteção das aeronaves, unindo aos centros da cultura as mais distantes localidades, de modo a não haver entre os núcleos pletóricos e as fronteiras remotas o vazio estéril dos ermos que isolavam os arquipélagos de civilização, era o pensamento de poucos, foi a iniciativa de raros, realizou-se graças ao devotamento e à temeridade do Brigadeiro. Não perpetro uma retórica desajustada, comparando a obra pioneira dos nossos jovens aeronautas, em 1931, à entrada valente dos paulistas pelos mistérios do sertão. Sabiam estes, souberam eles, culminar o belo movimento com o duro trabalho da defesa. Criador do Correio Aéreo, Eduardo Gomes estabeleceu no Rio Grande do Norte a base que serviu de trampolim da Vitória. Agigantou-se nesse empreendimento vital. Depois de unificar, nas rotas do firmamento, a Pátria fragmentada, garantiu-a, nos extremos do Nordeste, com as condições indispensáveis à sua segurança. Compreende-se porque lá o seu nome não passou. Porque se chama hoje de Eduardo Gomes a cidade de Parnamirim. E porque, para lembrá-lo na sua fisionomia, que resplandece de generosidade, como se a iluminassem as bênçãos de Deus, os amigos, os companheiros, os comandados, lhe mandam o busto, em metal eterno, aes perenius. Ficará, na praça pública, ocupando ao relento o lugar privilegiado dos que falam às multidões ou dos que velam por elas, relíquia imperecível, como se vazada no bronze de que se forjaram os alicerces da nacionalidade – à sombra das asas que lhe consolidaram a união, num halo de glória.”
Falou, depois, o Dr. Moacyr Torres Duarte, secretário de Agricultura do Rio Grande do Norte, autor do projeto de lei apresentado à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, alterando o nome do município de Parnamirim para Eduardo Gomes. De seu discurso, extraímos os seguintes trechos:
“No nome do Sr. Prefeito do município de Eduardo Gomes, e no de seus munícipes, e, porque não dizer, em nome de todos os norte-riograndenses, renovamos o testemunho de nossa solidariedade e de nosso apreço, à figura singular de um homem que já deixou há muito de ser um simples cidadão para se transformar num símbolo de devotamento e de amor à Pátria e numa legenda de heroísmo e de brasilidade, que é o Marechal do Ar Eduardo Gomes.”
“A sua existência é um pedaço da história do Brasil, respondendo sempre presente a todos os seus chamamentos, sendo imensurável a contribuição que deu a este País, nos instantes mais críticos da vida nacional, jamais se omitindo ou se abstendo da palavra, de gesto e da participação.”
O Dr. Moacyr Torres Duarte encerrou seu discurso dizendo:
“Ao recebermos o busto em bronze de Eduardo Gomes, para ser afixado numa das praças de uma cidade potiguar que tem o seu nome, estamos certos de que o seu exemplo continuará a inspirar-nos para que sejamos cada vez mais dignos da terra em que nascemos.”
“Beijamos com venerando respeito às mãos limpas e honradas do nosso último varão de Plutarco. Pois assim o fazendo, tributamos o culto de nossa homenagem á própria alma nacional!”
O Salão Azul do Clube de Aeronáutica esteve completamente lotado durante a homenagem prestada ao Brig Eduardo Gomes, que a tudo assistiu cercado pelas atenções dos seus dedicados amigos, tanto da FAB como do meio civil. A nossa reportagem registrou, entre outras, a presença das seguintes personalidades: dr. Prado Kelly, ministro Grün Moss, monsenhor Alípio Silva (representando o cardeal D. Eugênio Sales), sr. Erik de Carvalho, presidente da VARIG, tenentes brigadeiros Nelson Freire Lavènere-Wanderley, Casimiro Montenegro Filho, Délio Jardim de Mattos, Manoel José Vinhaes e Hugo de Miranda e Silva, majores brigadeiros Roberto Augusto Carrão de Andrade, Clóvis Pavan, Rodopiano de Azevedo Barbalho, Raphael Leocádio dos Santos, Francisco Bachá, presidente do Clube de Aeronáutica, Pedro Pessoa de Almeida, Friedrich Wolfgang Derschum, além de outros oficiais generais e oficiais superiores da FAB, assim como elevado número de civis. Depois da solenidade aconteceu movimentado coquetel na pérgula do Salão Azul, quando se formaram muitos grupos em animada palestra, tendo o Brig Eduardo Gomes retornado ao seu retiro no Hospital Central da Aeronáutica, depois de haver recebido tão merecida homenagem dos seus amigos e admiradores.
Os primeiros sócios titulados da agremiação de classe do Clube de Aeronáutica receberam seus diplomas de sócios beneméritos no dia 4 de dezembro de 1971, às 19h30, em solenidade realizada no Salão Azul do CAER. O presidente do Clube, Maj Brig Francisco Bachá, havia convidado para tomarem assento à mesa as seguintes personalidades: Marechal Benedito Péricles Fleury, ministros do STM Armando Perdigão, Waldemar Torres, Waldemar Figueiredo Costa, Amarílio Lopes Salgado, Maj Brig Ar Ivo Gastaldoni, Maj Brig Pedro Pessoa de Almeida, Brig Aníbal Amazonas Rebello, Procurador Dr. Sylvio Sampaio e Brig Alberto Costa Mattos.
A seguir, o Maj Brig Ar Bachá pronunciou o seguinte discurso:
“Sejam nossas primeiras palavras de boas-vindas e de agradecimentos a todos que, atendendo ao nosso apelo, nos honram com suas presenças. Aos excelentíssimos senhores agraciados, nossos respeitosos cumprimentos e gratidão, pelo atendimento ao nosso convite, comparecendo, pessoalmente, para receberem os diplomas a que fizeram jus. Às excelentíssimas senhoras madrinhas que, em atenção ao nosso pedido; além de abrilhantar a nossa festa, aquiesceram em participar da homenagem que está sendo prestada aos nossos primeiros sócios honorários e beneméritos, apresentamos nossas saudações, a par dos melhores agradecimentos. Quis o destino premiar, uma vez mais, a atual administração do nosso Clube, permitindo-nos presenciar uma solenidade de que tomam parte algumas das mais célebres e representativas personalidades do nosso grande e querido país. Trata-se de uma homenagem sincera, justa e merecida, àqueles que prestaram à nossa organização relevantes serviços, sob os mais variados aspectos, e que, apesar de tardiamente reconhecido, permitiu-nos a honra de dirigi-la.
Ao referirmo-nos a essa dádiva do destino, permitam-nos, vossas excelências, o esclarecimento que damos a seguir: a nossa agremiação, tendo contado, desde a sua criação, com o apoio, a dedicação e a colaboração de várias personalidades e autoridades, algumas das quais estranhas ao seu quadro social, somente agora, após 24 anos de existência, descobre, honorifica e homenageia os seus primeiros sócios titulados. Entre os agraciados, como sócios honorários, é com imensa honra que citamos o Exmo. Sr. Marechal Eurico Gaspar Dutra, Dr. Joao Dutra recebe, em nome do Marechal Eurico Gaspar Dutra, das mãos da Srta. Eliane Gomes, o Diploma de sócio honorário do Clube O Brig Gabriel Grün Moss recebe das mãos da sua filha Daisy o diploma de benemérito 68 o qual, entre os vários serviços prestados, encontramos um dos mais importantes para nós, quando o Sr. Exmo., como Presidente da República, assinou um ato doando ao CAER o terreno situado na confluência da Avenida Calógeras com a Rua Santa Luzia, onde será construída, brevemente, a nossa futura sede social. Ao Ministro Nelson Barbosa Sampaio, foi, também, concedido o título de sócio honorário, por haver prestado assistência jurídica à nossa organização, desde 1955, tendo mesmo exercido as funções de procurador. Grande amigo do nosso Clube, todas as vezes em que foi solicitada a sua cooperação, além de sua grande capacidade profissional e fina educação, sempre demonstrou boa-vontade em colaborar na solução dos problemas específicos. Entre os sócios agraciados com o título de benemérito, é com imensa satisfação que destacamos o Exmo. Sr. Marechal Eduardo Gomes que, além dos inúmeros serviços e colaboração prestados, quando investido das funções de Diretor de Rotas Aéreas e Ministro da Aeronáutica, tomou parte na célebre reunião dos Integrantes da Força Aérea, no Aeroclube do Brasil, com a finalidade de fundar o ‘Clube de Aeronáutica’, tendo sido eleito o seu primeiro Presidente. O Marechal Raymundo Vasconcellos de Aboim, além de batalhador e amigo, foi eleito Presidente do Clube, pela primeira vez, em 1951. Organizador e preparador inicial das atuais instalações da nossa sede, durante todo o tempo em que foi Diretor do Material da Aeronáutica, prestou completa e efetiva assistência à agremiação, sem a qual não poderíamos ter atingido a posição em que nos encontramos. O Ministro Ten Brig Grün Moss sempre integrado ao CAER, quer fazendo parte do Conselho Deliberativo, da Vice-Presidência e por duas vezes Presidente, batalhador incansável na busca das soluções dos problemas de nossa agremiação, teve atuação destacada quando estávamos para perder o terreno doado, sito à Rua Santa Luzia, S. Exa. conseguiu, além de retomar o processo, obter do então Presidente da República, Marechal Humberto de Alencar Castello Branco, um decreto de prorrogação de prazo para a construção da nova sede deste Clube, assegurando, dessa forma, a posse definitiva da supracitada área, bem como a modificação do decreto permitindo a alienação de parte do terreno, sem o que jamais seria possível construir a nova sede, por falta de recursos.
Cabe-nos ainda, meus senhores, e o faço com muita satisfação, louvar a ação dos membros do Conselho Deliberativo, os quais, na sessão de 12 de março do ano em curso, houveram por bem conceder, por unaAs madrinhas dos beneméritos do Clube. Da esquerda para a direita, Srta. Eliane Gomes, Sra. Maria Cândida Perdigão, Sra. Daisy Moss Malaguti de Souza, Sra. Elza Pfaltzgraff Brasil e Sra. Maria Augusta Costa Matos 69 nimidade, às supracitadas personalidades os respectivos títulos honoríficos, provando uma vez mais que ‘a justiça tarda mas não falha’. Antes de solicitarmos às excelentíssimas madrinhas a entrega dos diplomas aos excelentíssimos senhores agraciados, agradeço, mais uma vez, a todos aqueles que, com suas presenças, prestigiaram esse ato de justiça. Nesse momento, solicito à Srta. Eliane Gomes o obséquio de fazer a entrega do respectivo diploma de sócio honorário ao Exmo. Sr. Marechal Eurico Gaspar Dutra, representado neste ato pelo Sr. João Dutra. Solicito à Exma. Sra Maria Cândida Perdigão, o favor de fazer a entrega ao Exmo Sr. Marechal Eduardo Gomes, representado nesta solenidade pela Srta. Eliane Gomes, do seu diploma de sócio benemérito. Convido a Exma. Sra. Maria Augusta Costa Matos a fazer a entrega do respectivo diploma de sócio honorário ao Exmo. Sr. Ministro Nelson Barbosa Sampaio. Rogo à Exma. Sra. Elza Pfaltzgraff Brasil o obséquio de fazer a entrega do respectivo diploma de sócio benemérito ao Exmo. Sr. Marechal Raymundo Vasconcellos de Aboim. Solicito à Exma. Sra. Daisy Moss Malaguti de Souza o obséquio de entregar ao Exmo. Sr. Ministro Ten Brig Gabriel Grün Moss o seu diploma de sócio benemérito. Finalizando, convido as senhoritas Gilsa Klüppel e Solange Nascimento Silva a fazerem a entrega das rosas às excelentíssimas senhoras madrinhas, com os nossos sinceros agradecimentos. Muito obrigado.” A distinta assistência aplaudiu calorosamente o discurso do presidente do Clube de Aeronáutica, da mesma forma que o fez quando cada um dos agraciados recebeu o seu diploma.
O ministro, Ten Brig Gabriel Grün Moss, dirigiu-se, então, à mesa para agradecer a homenagem em nome de todos aqueles que foram distinguidos. Falou de improviso, dizendo, inicialmente, que era sempre com grande emoção que transpunha os umbrais da nossa agremiação. “Isto porque, muito embora o nosso Clube não seja uma Vetusta Catedral, ele tem sido o lugar onde, juntos, tantas vezes, meditamos, rezamos e até choramos pelos destinos deste país que agora, felizmente, vai trilhando o caminho há tanto tempo desejado por todos nós”, ressaltou.
Ele referiu-se, em seguida, à necessidade de integração do homem no seu meio e, com muita elegância de linguagem, estabeleceu a vinculação entre aquele imperativo e a outorga dos diplomas aos primeiros sócios titulados do Clube de Aeronáutica. O ministro Grün Moss disse, também, que não fizera por escrito o seu discurso, pois realmente fora colhido de surpresa. Todavia, diante daquele auditório tão amigo, tinha a certeza de que as suas palavras seriam recebidas com benevolência. Concluiu a sua oração, que foi entusiasticamente aplaudida, externando agradecimentos em nome dos agraciados pela distinção a eles conferida pelo Clube de Aeronáutica.
Terminada a cerimônia, o Brig Bachá convidou os presentes para o coquetel na varanda contígua ao Salão Azul. Os primeiros sócios titulados da agremiação receberam, então, os cumprimentos dos parentes e amigos e participaram do animado bate papo nos grupos que logo se formaram. Muitas foram as personalidades presentes, dentre as quais anotamos o Mal América Leal, o Maj Brig e senhora Pedro Pessoa de Almeida, o Maj Brig Gil Miró Mendes de Morais, o Brig e senhora Aníbal Amazonas Rebelo, o Tabelião José da Cunha Ribeiro, o Maj Brig Raphael Leocádio dos Santos, o Dr. e senhora Zoroastro Campos, o Brig Paulo Salgueiro, o Brig e senhora Ubaldo Tavares de Faria, o Cel José Vicente Cabral Checchia, o Cel e senhora Carlos Philipe Aché Assumpção e o Cel Pompeu Marques Perez.
Assim como esse congraçamento, outros ocorreram para a entrega de títulos de sócios beneméritos do CAER. Abaixo seguem os homenageados:
As homenagens durante a gestão do Presidente do CAER, Maj Brig Ar Marco Antonio Carballo Perez (2018- 2022), aconteceram em 2019 e 2020, respectivamente. Em outubro de 2019, o homenageado foi o pesquisador e escritor Carlos Lorch, agraciado com o título de sócio honorário. O diploma foi entregue pelo Ten Brig Ar Paulo Roberto Cardoso Vilarinho, Presidente do Conselho Deliberativo do CAER, e pelo Maj Brig Ar Perez, que agradeceu pela notável divulgação da Força Aérea Brasileira (FAB) prestada por Lorch. O título de sócio benemérito foi entregue ao então Comandante da Aeronáutica, Ten Brig Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, no dia 4 de novembro de 2020, em votação unânime do plenário do Conselho Deliberativo, em virtude de todo apoio e auxílio prestado por ele ao Clube de Aeronáutica. A homenagem ao Comandante também refletiu o reconhecimento à sua relevante história para a instituição e para o país. “Foi uma grande honra para nós realizarmos esta homenagem”, enfatizou o Maj Brig Ar Perez.
A diretoria do CAER sempre buscou formas de beneficiar os seus associados e, por meio do seu antigo Departamento Beneficente (DEBEN), criado desde 1947, pela letra “a” do artigo 3º do Estatuto do Clube de Aeronáutica, obteve importantes convênios – médicos, funerários, além de empréstimos nas seções Mutuária, Jurídica e Médica e Financiamentos.
À época, o presidente do Clube, Maj Brig Ar Francisco Bachá, havia firmado junto à Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, representada pelo seu Provedor, ministro Afrânio Antonio da Costa, o atendimento de pedido de funeral de associado do CAER – “DE-BE” Caixa 80, de acordo com as cláusulas e condições relacionadas ao funeral dos associados nos cemitérios São João Batista, São Francisco Xavier, Inhaúma, Irajá, Jacarepaguá, Ricardo de Albuquerque, Ilha do Governador, Guaratiba, Campo Grande, Realengo, Santa Cruz, Piabas e Paquetá, por ela administrados, como também nos cemitérios particulares das Ordens Terceira de São Francisco da Penitência, Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo, Terceira de São Francisco de Paula e Israelita, mediante a apresentação do contracheque “Caixa 80” do Departamento Beneficente ou recibos de mensalidades dos últimos três meses.
Ainda no convênio, havia a oferta de urna ou caixão, catacumba ou sepultura temporária, veículo, ambulância, dentre outros serviços que se tornassem necessários, conforme solicitação do responsável.
Em paralelo, outra grande novidade foi dos sócios do DEBEN passarem à categoria de sócios fundadores, com isenção de joia para o novo Pecúlio Simples Progressivo, enquanto os demais sócios poderiam ingressar como sócios efetivos, ficando com o direito a promoções ao Quadro de sócios fundadores à medida que as vagas iam sendo abertas, por falecimento ou demissão dos sócios fundadores. E assim, a progressão de benefícios era aumentada para oferecer mais valores agregados aos associados. O Departamento Beneficente chegou a ter 3.016 usuários ao longo do seu funcionamento, que puderam usufruir dos diversos benefícios oferecidos pelo Clube desde então.
A Carteira Hipotecária e Imobiliária do Clube de Aeronáutica (CHICAER) funcionou durante anos para ajudar os associados na obtenção da casa própria. Muitos militares adquiriram o benefício por meio desta iniciativa. A CHICAER sublinhou muito bem as suas atividades iniciais em benefício dos associados, e a partir de 1968 conseguiu entregar 224 apartamentos novos nas regiões do Leblon, da Tijuca, Ilha do Governador e Niterói.
Em meados de 1972, o departamento esteve sob a direção do Brig Samuel Eichin, auxiliado pelos Brigadeiros do Ar Paulo Eugênio Machado e Antonio Dias de Macedo, que prosseguiram juntos, no programa de construção executada diante de um convênio firmado com o Banco Nacional da Habitação (BNH).
No dia 28 de setembro de 1979, foi inaugurado o prédio situado em Copacabana, à Rua Mascarenhas de Moraes 191, contando com 80 unidades residenciais compostas, cada uma, de sala, três quartos, dois banheiros sociais, dependências de empregada e garagem. A localização, muito aprazível, proporciona uma vista invejável do mar. No dia 14 de outubro, foram entregues 144 apartamentos na Rua Santa Clara 431, todos da mesma categoria do outro edifício já citado. Apenas estas unidades estão distribuídas em um conjunto de três prédios, cada um com 12 andares.
As inaugurações desses edifícios da CHICAER foram festivas, animadas por coquetéis que contaram com a presença do então presidente do Clube de Aeronáutica, Maj Brig Ar Francisco Bachá, do diretor da CHICAER, Brig Ar Ubaldo Tavares de Farias, do presidente da companhia construtora, Engenheiro João Machado Fortes, de vários diretores do Clube de Aeronáutica, bem como dos sócios da CHICAER contemplados com os apartamentos, acompanhados dos moradores e de suas famílias. A reportagem da Revista Aeronáutica naquele momento presenciou os acontecimentos, registrando-os com algumas fotos que ilustram esta notícia.
Posteriormente, a CHICAER construiu outros prédios, disponibilizando-os aos seus associados nos seguintes locais: Jardim Botânico, Barra da Tijuca (Condomínio Mandala) e Gávea (Parque das Gaivotas).
No que diz respeito a empréstimos aos seus associados, com a finalidade de facilitar reformas em seus imóveis, a CHICAER efetivou 80 contratos, num total de Cr$320.000,00. A Seção da CHICAER funcionava na Avenida Graça Aranha 174, 11º andar, salas 1113/1117, onde atendia todos os seus associados.
O Departamento manteve-se por mais alguns anos e teve seu encerramento devido a diversos fatores relacionados ao aumento de custos da construção civil, dos terrenos, mudança na estrutura legal do BNH, dentre outros, que determinaram o seu fechamento.
Outro benefício oferecido pelo Clube de Aeronáutica, que muito estimulou os associados à época, foi a Cooperativa de Carros, mais conhecida como COOPCAR. Fundada em 19 de março de 1946, com a finalidade de facilitar o financiamento, a cada um dos cooperativados, do automóvel zero quilômetro, licenciado e com documentação no nome do beneficiário; e de aparelhos de televisão.
A cooperativa constituía-se de grupos de sócios, cada um pagando a mensalidade que possibilitasse a aquisição do veículo desejado. Eram entregues, por mês, dois veículos por grupo, sendo um por lance e outro por sorteio. A Cooperativa de Carros distribuiu aos associados do CAER, em 1975, 82 automóveis e 115 aparelhos de TV em cores.
Até 31 de dezembro de 1977, a COOPCAR havia entregue 1.171 automóveis e 429 aparelhos de televisão, representados pela apreciável soma de Cr$636.887.400,00 ao preço médio. O diretor da cooperativa à época, Maj Newton Dias Guimarães, apresentava propostas de consórcios de outros bens duráveis para facilitar ao associado a aquisição de material de custo elevado com pagamento parcelado a longo prazo. A cooperativa contribuiu muito para que os sócios tivessem oportunidade de obter o carro próprio, porém, anos mais tarde não conseguiu manter-se no mercado devido às questões financeiras, e encerrou as suas atividades.
Desde a sua criação, o Departamento Cultural do Clube de Aeronáutica contribuiu para a movimentação e circulação de ideias, eventos e informações aos seus associados e à sociedade, por meio de seus veículos informativos, grupos de estudos e cursos, como apresentado neste capítulo
Há 62 anos a “Revista Aeronáutica” oferece informações aos seus mais de cinco mil leitores, que contemplam fatos históricos sobre a aviação, histórias reais de aviadores, missões na Segunda Guerra Mundial, artigos literários, dentre outros. Da primeira edição, em 1959, à atual, a “Revista Aeronáutica” passou por algumas reformulações para atender o seu público leitor e levar informação de qualidade relacionada a diversos temas de naturezas diversas, como aeronáuticos, culturais, políticos, ambientais, sociais e do próprio Clube de Aeronáutica. A primeira revista foi editada sob a direção do então Brig Ar João Mendes da Silva. Ele foi produtor de cinco edições bimestrais. Depois dele, outros 21 diretores passaram pela direção da publicação. Inicialmente, a “Revista de Aeronáutica” era o único informativo em toda a Força Aérea Brasileira (FAB) a oferecer notícias relacionadas à aviação. Havia exclusividade nas notícias, em um período também em que o Clube centralizava os encontros militares. A redação da revista, que se encontrava na Rua Graça Aranha, foi transferida para a Sede Náutica em abril de 1971. Era publicada bimestralmente e denominada como “Revista de Aeronáutica”, mas a partir da edição 35, novembro/dezembro de 1965, a denominação foi alterada para “Revista Aeronáutica”. Era e é distribuída para militares, sócios, adidos, colaboradores, dentre outros. Devido à demanda e pela profissionalização do seu material, o periódico passou, a partir da 27ª edição, julho e agosto de 1964, a ser comercializada. Sua assinatura anual, contemplando seis números, começou ao custo de NCr$ 2,50 ou R$ 9,09 e o número avulso a NCr$ 0,50 ou R$ 1,81, passando a Cr$ 1.500,00 ou R$ 54,00 em valores de hoje, e a publicação avulsa a Cr$ 300,00 ou o equivalente a R$ 10,90 (aproximadamente, pela conversão da tabela). A relevância na sociedade tornou-se crescente e visível, tanto que na edição 132, de 1982, a assinatura anual chegou a ser oferecida nacionalmente por Cr$ 2.500,00 ou o equivalente a R$ 90,90 (valor aproximado de hoje), no exterior por U$ 30,00 (número avulso), o que equivaleria a R$ 51,05 de hoje, e, se fosse vendida diretamente na redação, em 1984, na sua 143a edição, a unidade custaria Cr$ 1.500,00, o equivalente a R$ 54,54 atualmente, e se fosse por via postal Cr$ 430,00 ou R$ 15,63. A partir da edição de número 185, as edições deixaram de ser pagas e, em 2000, as publicações passaram a ser trimestrais. A “Revista Aeronáutica” é uma publicação do Departamento Cultural do Clube de Aeronáutica, que tem à frente, desde 2004 até os dias atuais, como diretor, o Cel Av Araken Hipólito da Costa, e recebe artigos de renomados juristas, personalidades brasileiras, bem como de militares da aeronáutica, além de articulistas de outros veículos de comunicação e representantes civis ou públicos. Os artigos são enviados ao email da revista revista@ caer.org.br e são avaliados pelo Conselho Editorial, formado pelo Ten Brig Ar Marco Aurélio Gonçalves Mendes, Maj Brig Ar Marco Antonio Carballo Perez, Presidente do CAER, pelos Coronéis Aviadores Araken Hipólito da Costa, Renato Paiva Lamounier, Bruno Pedra e pelo Ten Cel Av Flávio Kauffmann. Todos os textos são de responsabilidade de cada autor que precisa disponibilizar seus contatos na publicação. Anteriormente, a “Revista Aeronáutica” era totalmente publicada de forma impressa e distribuída aos associados do CAER, aos seus elos representantes nas Organizações Militares da FAB, os quais eram designados pelos respectivos comandantes. Atualmente, além de ser remetida pelos Correios, é postada no site da instituição. Os artigos da revista também estão disponíveis no https://www.caer.org.br/acervo/.
Outro grande marco na história da editoria do CAER foi a criação da Editora Revista Aeronáutica, fundada há mais de 36 anos. Livros, ensaios e a própria “Revista Aeronáutica” integraram e hoje fazem parte do acervo editorial do Clube, com ampla diversidade no âmbito aeronáutico e filosófico.
Diversos livros foram editados pela Editora Revista Aeronáutica. Dois deles se esgotaram na época em que foram publicados: “Aviação Militar Brasileira 1916- 1984”, do autor Francisco Cândido Pereira Netto; e “Caminhada com Eduardo Gomes ”, de autoria do Ten Brig Ar Deoclécio Lima de Siqueira.
A Editora Revista Aeronáutica, registrada na Biblioteca Nacional em meados de 1980, permaneceu ativa, mas teve uma pausa na editoração de livros, retornando em 2019, com o lançamento do livro “Pensadores Portugueses – Séculos XIX e XX”, de autoria do ensaísta, teólogo e filósofo Ricardo Vélez Rodríguez, ex-ministro da Educação. A proposta é oferecer aos associados conteúdo qualificado, que reflete o pensamento aeronáutico e brasileiro a partir de uma perspectiva filosófica, envolvendo diversos aspectos: político, econômico, cultural e social.
O retorno da Editora Revista Aeronáutica coincidiu com a sessão de autógrafos do autor, que aconteceu no deque da Sede Central do Clube. O livro de Ricardo Vélez estabelece conexões entre a filosofia e o pensamento português de sete notáveis pensadores, como Antonio Braz Teixeira, Eduardo Abranches de Soveral e Antero de Quental, dentre outros.
Além desses livros foram produzidos mais dois, em 2020, “L´Esprit Aéronautique Brasileiro”, resultado do projeto orgânico “Personalidade da Personalidade” do Instituto de Psicologia da Aeronáutica (IPA), tendo como organizador o Cel Av Bruno Pedra, então Diretor da instituição; e “Nuvens Luminosas”, do Cel Av Araken Hipólito da Costa.
A série intitulada Ensaios, por exemplo, trata de assuntos relacionados ao pensamento brasileiro e aeronáutico voltados a divulgar e contribuir para a integração e o desenvolvimento da sociedade brasileira. Ao todo foram produzidos 11 ensaios. O primeiro deles, intitulado “Introdução à Filosofia Política”, foi elaborado em 2007, pelo oficial da Aeronáutica e doutor em filosofia Francisco Martins de Souza. Ele também escreveu o segundo ensaio, em 2010, sob a titulação “Uma visada filosófica sobre o culturalismo”. Em 2014, foi editado o último ensaio “Reflexões Movimento Cívico-Militar de 31 de Março de 1964”
Eventos de datas comemorativas, almoços de turma e novos convênios são assuntos destacados no boletim informativo “Arauto”, publicado mensalmente no site do Clube https://www.caer.org.br/arauto/ e enviado aos seus associados via e-mail marketing no primeiro dia de cada mês.
O informativo, lançado em agosto/setembro de 1994, já havia sido distribuído de forma impressa e bimestral, mas para redução de custos e também para preservação do meio ambiente, sua distribuição foi repensada, optando-se pelo meio eletrônico para esse novo envio. A partir de 1997 a publicação passa a ser mensal.
Seu criador, editor, redator e produtor por 19 edições mensais, sob o título “Jornal Arauto”, quando era impresso, foi o Cel Av Paulo Fernando Peralta, que faleceu em 2005. O “Arauto” tem como objetivo manter o sócio atualizado sobre as novidades da instituição, bem como manter um histórico do que se passou mensalmente, tanto na Sede Barra da Tijuca quanto na Sede Central e Sede Lacustre.
O Grupo de Estudos do Pensamento Brasileiro foi criado pelo Cel Av Araken Hipólito da Costa, Diretor do Departamento Cultural do CAER. Os estudos resultaram em cursos oferecidos ao público em geral, com o objetivo de fornecer informações relacionadas à filosofia nacional, religião e arte para se entender melhor as questões de brasilidade e da própria cultura brasileira.
A criação do Grupo de Estudos ocorreu em 2006, mas só a partir de 2010 iniciaram-se os cursos, totalizando 11 até 2021. Havia uma programação ao longo de seis meses para os alunos participantes, que culminava com a diplomação e também uma viagem de estudos pelo território nacional e internacional com o apoio da Força Aérea Brasileira (FAB), a fim de se explorar os temas abordados durante o curso.
Em 2020 cria-se o Grupo de Estudos do Pensamento Aeronáutico, composto pelos conselheiros editoriais da “Revista Aeronáutica” – Ten Brig Ar Marco Aurélio Gonçalves Mendes, Maj Brig Ar Marco Antonio Carballo Perez (Presidente do CAER) e pelos Coronéis Aviadores Araken, Renato Paiva Lamounier, Bruno Pedra, e pelo Ten Cel Av Flávio Kauffmann.
O Pensamento Aeronáutico representa a cosmovisão cultural da elite da sociedade, moldada dinamicamente ao longo do tempo pela influência de pensadores, fatos históricos, tendências políticas, princípios éticos, tecnologia, lideranças e por sua própria constituição organizacional, tendo em vista a utilização da aviação para alcançar e sustentar o bem-comum.
Grupo de Estudos do Pensamento Brasileiro recepcionado na Embaixada do Brasil, em Portugal, em abril de 2013
A Biblioteca do Clube de Aeronáutica, inaugurada em 16 de março de 2018, sob a presidência do Maj Brig Ar Marcus Vinicius Pinto Costa, oferece mais de 600 edições, que compõem uma ampla literatura reflexiva sobre os cenários aeronáutico e brasileiro, disponíveis aos associados.
Localizada na area térrea do Salão de Convenções da Sede Central, o espaço conta com livros, revistas, ensaios do Pensamento Brasileiro, DVDs, dentre outros materiais, para deleite dos apreciadores literários.
A biblioteca possui em suas estantes a coleção completa da “Revista Aeronáutica”, desde o seu primeiro número, lançado em 1958, à publicação mais atual, que também se encontra no Acervo Digital do site do CAER.
O notável acervo também foi formado por generosas doações recebidas, principalmente, de duas autoridades em suas áreas: o embaixador Jerônimo Moscardo e o historiador e militar da Força Aérea, Cel Av Fernando Hippolyto da Costa.
Do primeiro doador, foram recebidos 155 livros e 23 DVDs, quando o embaixador Moscardo ainda era presidente da Fundação Alexandre Gusmão, que realiza atividades culturais e pedagógicas, além de estudos e pesquisas no campo das relações internacionais.
Já na coleção do Cel Av Hippolyto destacam-se os livros históricos e raros, oriundos até mesmo de outros países, relacionados ao Patrono da Aviação Alberto Santos-Dumont. A biblioteca ganhou mais de 80 livros descrevendo sua vida, história e invenções. Além disso, a doação se estendeu a sete romances do escritor, ilustrador e piloto francês Antoine de Saint-Exupéry.
Todas as coleções da Biblioteca do CAER estão à disposição dos associados para apreciação e contínua aprendizagem. Tenha uma boa leitura!
A fundação do Clube de Aeronáutica se funde com a criação do Ministério da Aeronáutica, em meio à Segunda Guerra Mundial, quando também os segmentos aéreos do Exército e da Marinha são integrados em uma força militar aérea única. O ministério é criado por meio do Decreto nº 2.961, de 20 de janeiro de 1941. Assinado pelo então presidente Getúlio Vargas, transferiu para a Aeronáutica militares, servidores civis, aviões e instalações da Marinha, do Exército e do Ministério da Viação e Obras Públicas.
Neste período as escolas de Aviação Militar e Naval se transformam na Escola de Aeronáutica, no Campo dos Afonsos, responsável pela formação de oficiais aviadores. Foi também criada a Escola de Especialistas de Aeronáutica (LAVENÈRE-WANDERLEY, 1975). Entretanto a organização militar para a formação do clube é pausada devido ao conflito bélico mundial, e retomada em 5 de agosto de 1946, ano seguinte ao término da guerra. Iniciativa do então ministro da Aeronáutica Brig Ar Armando Figueira Trompowsky de Almeida, também foi ele a primeira personalidade militar a idealizar o Clube de Aeronáutica, chegando a reunir 314 oficiais para a fundação da instituição.
Outros nomes foram inscritos nas páginas da história da organização pelo pioneirismo – os Marechais do ar Eduardo Gomes, Ivo Borges, Ignácio de Loyola Daher, Fábio de Sá Earp, o Ten Brig Ar Gabriel Grün Moss, o Maj Brig Ar Gervásio Duncan de Lima Rodrigues, e os Brigadeiros do ar Raul Ferreira Viana Bandeira e Albuquerque Lima. Moldaram nas suas ações o idealismo e a certeza de que faziam algo grandioso em benefício de uma força aérea que nascia e teria no Clube de Aeronáutica um fator de coesão tão necessário, como uma vertente para, não apenas congregar militares da Força Aérea Brasileira, mas para a integração das Forças Armadas do país, estabelecendo um vínculo entre elas, como parte do seu objetivo estratégico de se pensar a aviação e o Brasil.
O CAER torna-se mais que palco político, um local de apoio e fomento do círculo militar e de suas vertentes, sobretudo, nas décadas de 50 e 60. Um dos casos emblemáticos que marca essa significação é o “Atentado da Rua Toneleros” , ocorrido no dia 5 de agosto de 1954, que causou a morte do Maj Rubens Florentino Vaz (Aeronáutica) e ferimentos no jornalista Carlos Lacerda, por um membro da guarda pessoal do então presidente Getúlio Vargas (1930-1945; 1951-1954). O corpo do Maj Vaz foi velado na Sede Central do clube, onde também se celebrou uma missa de corpo presente. A inconformidade com tal acontecimento levou os oficiais generais da Aeronáutica a se reunirem no dia 22 de agosto, na Sede Central do clube, para um ultimato, exigindo o afastamento de Vargas, que se suicidaria dois dias depois.
À época havia muito envolvimento político, e a presidência do clube era impulsionada por oficiais militares da ativa, o que propiciava maior movimentação da instituição, por congregar os pares com frequência para debater os rumos da Aeronáutica e do país. Entretanto, essa situação passa a mudar a partir de 1991, quando o seu quadro diretor passa a ser composto por oficiais da reserva.
Durante esse período, de movimentação política, a presidência do CAER se faz presente, como se observa nos envolvimentos políticos e nas manifestações da época.
Empossado como presidente do CAER, em julho de 1955, o então Brig Ar Henrique Fleiuss, que havia assumido o comando da Escola de Aeronáutica, manteve-se na presidência até julho de 1957. Reconhecido pela sua liderança democrática e moderada passou, posteriormente, a substituir o Brig Ar Vasco Alves Seco, no comando da Aeronáutica, em 20 de março de 1956. Sua posse ocorreu no início do governo do presidente Juscelino Kubitschek, quatro meses após o Movimento de 11 de Novembro (1955), que representou a tentativa de impedir a posse do recém-eleito presidente, também denominado JK, e seu vice, João Goulart (Jango).
Nesse episódio, o então ministro da Guerra demissionário, Gen Ex Henrique Batista Teixeira Duffles Lott, comandou o cerco ao Palácio do Catete, a ocupação dos quartéis de polícia e da sede da companhia telefônica para assegurar a posse com êxito.
Além disso, o Brig Fleiuss também esteve comprometido na defesa das Forças Armadas durante a Revolta de Jacareacanga – rebelião militar ocorrida em fevereiro de 1956, envolvendo membros da Força Aérea Brasileira (FAB), na Base Aérea da cidade de mesmo nome, localizada ao sul do Pará. A rebelião, liderada pelos oficiais da Aeronáutica, Maj Av Haroldo Veloso e Cap Av José Chaves Lameirão, se apresentou como um desagravo à autoridade do presidente Juscelino Kubitschek, que enfrentava a impopularidade de grande parcela da oficialidade da Aeronáutica e da Marinha. Com o intuito de restabelecer o pacifismo na Aeronáutica, o exerceu com afinco até julho de 1957, quando se exonerou do cargo de comandante, em um momento em que os ânimos se acirraram na instituição como um reflexo do desassossego político que ocorria no país.
Com a saída do Brig Fleiuss, assumiu o comando da Aeronáutica, o Ten Brig Ar Francisco de Assis Corrêa de Mello (julho de 1957 a janeiro de 1961), figura que se destacaria na história do Brasil e da Aeronáutica devido à Revolta de Aragarças.
O Ten Brig Ar Corrêa de Mello enfrentou um ambiente político hostil e extremado devido às incisivas críticas ao governo, advindas tanto do ritmo frenético da construção de Brasília, quanto dos reflexos para o Brasil e para o mundo da controvérsia ideológica da “Guerra Fria”.
Em paralelo, o fomento político atrelado ao oposicionismo democrático liderado pelo jornalista e político Carlos Lacerda, contribuíram para motivar mais uma rebelião contra o governo, deflagrada na noite de 2 de dezembro de 1959, por alguns oficiais da Aeronáutica, denominada Revolta de Aragarças, cidade localizada no interior de Goiás. Estiveram à frente do movimento, os Tenentes-Coronéis Aviadores, João Paulo Moreira Burnier e Haroldo Coimbra Veloso, o qual já havia participado da Revolta de Jacareacanga. A rebelião visava combater e afastar do poder os corruptos e os envolvidos com o considerado comunismo internacional. Sem muito apoio, dentro e fora da FAB, o movimento não obteve êxito e foi dominado.
Mesmo após a dominação da Revolta de Aragarças, o conflito entre oficiais pró e contra o Movimento de 11 de Novembro coexistiu de forma muito incisiva durante a administração do Ten Brig Corrêa de Mello. As correntes consideradas nacionalistas se refletiam nas propagandas comunistas que se infiltravam na Aeronáutica e no país.
Também nesse período, em 1960, ocorre a candidatura do então Mal Ex Henrique Lott pelo Partido Social Democrático (PSD) à sucessão de JK, mas perde a eleição para Jânio Quadros, apoiado pela União Democrática Nacional (UDN).
Apesar do processo político conturbado e crescente, o Ten Brig Ar Corrêa de Mello manteve-se implacável e disciplinador. Ainda sob seu comando, ocorreu um episódio desagradável, motivo de sua substituição, em janeiro de 1961, pelo ministro da Guerra, o Gen Ex Henrique Batista Teixeira Duffles Lott, que havia chefiado o Movimento 11 de Novembro, e ameaçava as bases aéreas com o emprego de forças blindadas. No dia 11 de fevereiro de 1960, o General Lott deixa o ministério.
Após essa substituição, sucede-o no comando da Aeronáutica, de janeiro a setembro de 1961, o então Brig Ar Gabriel Grün Moss, que estivera no governo meteórico de Jânio Quadros (31 de janeiro a 25 de agosto de 1961) – presidente eleito com votos muito superiores ao seu opositor, o Gen Henrique Lott, cuja campanha trazia como lema o “antijuscelinismo” atrelado à anticorrupção. A renúncia foi breve, cedendo a cadeira da presidência ao vice, João Goulart, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).
Nesse ínterim, encontrou-se o breve período administrativo do Brig Ar Grün Moss, que tinha apoiado os militares participantes da Revolta de Aragarças. Seu comando era retratado pelo ânimo da oficialidade da Força Aérea Brasileira, influenciada pelo civismo e carisma de Jânio Quadros, sob a sintonia de uma liderança efusiva e combativa, que se manteve até o final do seu comando. O oficial general Grün Moss também havia presidido o Clube de Aeronáutica do Rio de Janeiro, no biênio de 1959 a 1961, inclusive enquanto comandante da Aeronáutica.
As movimentações políticas no seio militar, provocadas por membros do CAER, seguiram com afinco. Em 1964, o clube foi usado como local de encontro para oficiais de alta patente da Força Aérea descontentes com as ações conflitantes do governo João Goulart. Esses oficiais, articulados com setores oposicionistas do Exército e da Marinha, participaram diretamente do movimento cívico-militar de 31 de março (CPDOC/ACERVO FGV; “Revista Aeronáutica”).
A mobilização em torno da política prossegue, transformando o Clube de Aeronáutica em Casa do Pensamento Brasileiro e Aeronáutico. O Ten Brig Ar Ivan Moacyr da Frota é um caso emblemático da efervescência política. Ele havia se candidatado à presidência da República na eleição de 1998, pelo PMN (Partido da Mobilização Nacional), obtendo total apoio do CAER, sob a presidência do Brig Ar Ércio Braga (1998-2000). Posteriormente, assumiu o cargo de presidente do CAER, sendo empossado em 2004. Cabe aqui a lembrança das candidaturas do Patrono da FAB, Marechal do Ar Eduardo Gomes, à presidência da República em 1945 e, em 1950, quando o Clube de Aeronáutica começava a se projetar.
No primeiro governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-1999), a presidência do CAER esteve atenta ao processo de reforma do Estado brasileiro, que culminou, em termos militares, com a criação do Ministério da Defesa, em 10 de junho de 1999 (CPDOC/ACERVO FGV). Na ocasião, estava à frente do CAER, o Brig Ar Ércio Braga.
Ao longo da história do CAER, os oficiais generais que ocuparam a cadeira do ministério da Aeronáutica também estiveram na presidência do Clube ao longo dos anos de sua criação. Foram eles o Marechal do Ar Márcio de Souza e Melo, Presidente do CAER de 1957 a 1959, e ministro da Aeronáutica de 1967 a 1971; e o Ten Brig Ar Carlos de Almeida Baptista, que assumiu o cargo de ministro da Aeronáutica, de 1999 a 2002, durante a governança do 34º presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e foi empossado como presidente do Clube de 2008 até 2012.
Novamente, essa era mais uma iniciativa política colocando o clube no centro político e com o seu devido posicionamento militar diante de candidatos a cargos políticos. Assim, observa-se que os debates relacionados à vida militar e à sociedade sempre estiveram presentes no cotidiano da instituição, voltados à preocupação de pensar o Brasil em suas diferentes vertentes, o que se traduziu em seminários com esse intuito.
Em 2002, sob a presidência do Brig Ar Danilo Paiva Álvares, o então candidato à presidência da República, ex-presidente do Brasil Luís Inácio Lula da Silva (2002-2010), esteve no CAER a convite da Comissão Interclubes Militares (CIM), a fim de proferir palestra sobre seu “Programa de Governo, com ênfase no papel das Forças Armadas”.
O atual presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, eleito pelo Partido Social Liberal (PSL), também fez explanação da sua proposta de candidatura no clube para associados e convidados, a pedido da CIM, em 23 de julho de 2018.
Seu discurso teve como tema o “Projeto Brasil”, e foi dirigida a um público de civis e militares composto por mais de 800 pessoas. À época, estava na presidência do clube, o Maj Brig Ar Marcus Vinicius Pinto Costa, que encerrava o quadriênio da sua gestão naquele ano (2014-2018).
Os seminários do Grupo de Estudos do Pensamento Brasileiro, promovidos pelo Departamento Cultural do CAER, que tiveram início em 2004, seguem até os dias atuais, em uma crescente conotação política, ao tratar de temas relacionados à vida militar, ao Estado, à sociedade, à filosofia, à integração e ao desenvolvimento nacionais.
Ao todo quatro eventos foram realizados no Clube:
– “Soberania Nacional e Reforma Política”, ocorrida no dia 17 de maio de 2007, envolvendo o senador Jefferson Perez. A presidência do CAER estava sob a administração do Ten Brig Ar Ivan Frota (2006-2008);
– “A Amazônia e a Realidade Brasileira”, em 29 de maio de 2008, tendo como palestrantes o então governador de Roraima, Dr. José de Anchieta Júnior, o presidente da Academia Brasileira de Filosofia, Dr. João Ricardo Moderno, e o membro da Academia Brasileira de Letras, Dr. Hélio Jaguaribe;
– “Os 76 anos do Ministério da Aeronáutica e sua Influência no Contexto Nacional”, no dia 14 de setembro de 2017, tendo como palestrantes os brigadeiros do ar Clóvis de Athayde Bohrer, Teomar Fonseca Quírico; os Tenentes Brigadeiros do Ar Cherubim Rosa Filho (ex-ministro do Superior Tribunal Militar) e Carlos de Almeida Baptista; o então comandante da Aeronáutica, Nivaldo Luiz Rossato, e o então ministro da Defesa, Raul Jungman;
– A “Guerra Aérea”, em 25 de setembro de 2018, teve como palestrantes o Ten Cel Av Gilberto Pedrosa Schittini, e os coronéis aviadores Luiz Fernando Póvoas da Silva e Araken Hipólito da Costa. Outras ações se destacaram ao longo da história do Clube de Aeronáutica envolvendo oficiais com os mesmos ideais e a mesma visão de integrar as Forças Armadas e fortalecer o seu legado para pensar o Brasil e a aviação brasileira. Uma conceituação ratificada pela história que tem transformado o CAER na Casa do Pensamento Aeronáutico e Brasileiro.
Este espaço de mensagens foi uma forma de o Clube de Aeronáutica propiciar o congraçamento entre os dois expresidentes do Clube de Aeronáutica, Ten Brig Ar Carlos de Almeida Baptista e Maj Brig Ar Vinícius, que deixaram um legado de transformação na instituição, e o sócio mais antigo, Brig Ar Clóvis de Athayde Bohrer, veterano do Correio Aéreo Nacional (CAN), os quais enriquecem o nosso livro histórico.
O primeiro agraciado do nosso livro histórico, que traz uma mensagem esperançosa aos militares, associados e parceiros, é o Ten Brig Ar Carlos de Almeida Baptista, que ocupou o cargo de comandante no Comando da Aeronáutica, de 1999 a 2003, assumindo em seguida como ministro do Superior Tribunal Militar (STM). Integrante da primeira turma da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), em Barbacena, em 1949, reforça a importância da associação ao CAER. Homenageado com honrosas condecorações, presidiu o Clube de Aeronáutica durante dois mandatos. A sua primeira posse como Presidente ocorreu em Sessão Solene da diretoria e dos conselhos Deliberativo e Fiscal para o biênio julho de 2008 a 2010, com a presença do então comandante da Aeronáutica, Ten Brig Ar Juniti Saito, juntamente com sua comitiva. A sua segunda gestão ocorreu com a reeleição, marcada por melhorias e transformações.
“Desejo às autoridades que estão administrando a Força Aérea, que sejam felizes, sejam iluminadas, tenham boas ideias e pratiquem o comando como aprendem nas escolas de Aeronáutica, sabendo contornar as dificuldades e, principalmente, mantendo a tropa alinhada, como nós no Clube. O trabalho do presidente Perez e de quem o suceder é e será muito difícil, mas eles desempenham muito bem! Com muita veracidade e capacidade para superar os obstáculos. Como conselheiro nato do clube é minha, também, parte da responsabilidade para a sua sobrevivência. A oficialidade precisa ver que é possível contribuir com o valor da associação, mesmo não estando no Rio de Janeiro, e se manter no quadro social desta entidade representativa de oficiais da Aeronáutica. Essa é a mentalidade que deveria reinar junto a todos os oficiais. Este é o meu clube!”
Condecorado com medalhas honrosas, o Maj Brig Ar Marcus Vinicius Pinto Costa foi também comandante da Quinta Força Aérea e assumiu a presidência do Clube de Aeronáutica no dia 3 de julho de 2014. Cumpriu o mandato por duas gestões, até 2018, contribuindo para as transformações de melhoria do clube, sobretudo, na Sede Barra, em 2016, devido aos Jogos Olímpicos, construindo a pista de atletismo e dois hangares para ultraleves. Em 2009, assumiu a presidência do Conselho Fiscal do CAER; em 2010 foi presidente do Conselho Deliberativo, onde permaneceu até 2014, com a sua eleição à presidência da instituição.
“Para o futuro do clube penso que ter uma marina será ótimo para a Sede Central. Hoje temos uma infraestrutura excelente, com instalações compatíveis à de um iate clube, com restaurante, hotel, estacionamento, segurança. Tudo para atrair esse público e manter o clube com o vigor necessário à sua manutenção e ao seu crescimento. A Sede Central foi criada para ser uma sede náutica que pode se tornar e obter maior frequência de pessoas. O clube está sempre aberto a todos. Precisamos aproveitar o que temos aqui e continuar oferecendo as festividades para os frequentadores.”
Sua associação teve início no dia 6 de maio de 1947, o que lhe concedeu o título de sócio efetivo fundador do Clube de Aeronáutica, Carteira de sócio número 00371, é assim considerado atualmente, o associado mais antigo da instituição. De memória longa e afetiva, e alma inquieta, o Brig Ar Clóvis de Athayde Bohrer, é oriundo da Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Porto Alegre (RS) e ingressou na Escola de Aeronáutica, então “Ninho das Águias”, em 1943. Ocupou o cargo de ministro no Superior Tribunal Militar; foi subcomandante e instrutor do Centro de Formação de Pilotos Militares (CFPM), de 24 de fevereiro de 1970 a 15 de junho de 1973; e Comandante da Academia da Força Aérea (AFA), de 1976 a março de 1979. Escreveu um opúsculo sobre o CFPM no período em que esteve no subcomando. Dentre tantas emoções perpassadas por sua vida, há a recuperação do atual monumento “Gênese do COMAER” (Comando da Aeronáutica), localizado no Campo dos Afonsos, graças à sua perspicácia e persistência. Atualmente (2021), aos 97 anos, se mostra otimista sobre o futuro do CAER.
“Eu sou otimista. O Clube de Aeronáutica – sabemos por meio das palavras do presidente Perez, e acompanhamos as dificuldades que vem enfrentando com a evasão dos sócios, vejo que com as providências tomadas certamente ultrapassarão essas dificuldades. Apesar das dificuldades, o clube não fica devendo em nada pelo que oferece ao sócio hoje. O clube não somente continuará como será ampliado. Tenho fé de que nossos companheiros vão se convencer de que uma organização só pode levar a termo a sua missão se tiver o apoio de quem a compõe. Sempre digo que uma organização é o que forem os seus integrantes, boa ou má, na medida em que desenvolvem um bom ou mau trabalho. A diretoria do Clube de Aeronáutica se empenha em proporcionar aos sócios o que eles buscam; espera-se que eles também apoiem suas atitudes, frequentem o clube, façam suas reuniões de turma, contribuam com ideias e observações construtivas. O clube sempre retribui o esforço dos associados. Eu tenho fé de que o futuro será aquele que esperamos e desejamos. O apoio que o associado deve prestar é prestigiar o clube. Familiares e turma, tornem o clube a continuação do seu ambiente familiar e, com isso, teremos um clube no futuro como desejamos e esperamos.”
O Presidente do Clube de Aeronáutica, Maj Brig Ar Marco Antonio Carballo Perez, possui mais de 30 medalhas dentre condecorações e títulos honoríficos pela sua atuação na ativa durante a carreira militar. Voou em 17 tipos de aeronaves, de T-23 Uirapuru até F-103 E/D (Mirage III). Foram mais de 4.200 horas de voo, sendo 1.500 na aviação de caça. No âmbito da operacionalidade, é líder de Grupo de Caça, piloto operacional de helicóptero e de transporte especial. Dentre seus 16 cargos desempenhados ao longo da carreira na Aeronáutica, destacam-se o de vice-secretário da Secretaria de Economia e Finanças da Aeronáutica (SEFA); comandante da Academia da Força Aérea (AFA), comandante do 1º Grupo de Defesa Aérea; comandante da Base Aérea de Anápolis; e comandante do Sétimo Comando Aéreo Regional. Passou para a reserva remunerada em 10 de abril de 2014. Sócio do Clube de Aeronáutica desde 1990, está à frente da presidência da instituição desde 2018. Foi reeleito pela Assembleia Geral Ordinária, para se manter na presidência até 2022. Sua gestão está sendo marcada por desafios e superações dignos do seu gerenciamento, que está elevando o Clube de Aeronáutica ao mais alto nível institucional.
- “Apesar de eu ser carioca e grande parte da minha família estar na cidade do Rio de Janeiro, tenho uma particularidade. Em meus mais de 42 anos na ativa, estive em Natal, Fortaleza, Anápolis, Roma, Brasília, Pirassununga e Manaus, mas nunca servi no Rio. Só estive na cidade para fazer os cursos de carreira, portanto, apesar de ser sócio desde 14 de fevereiro de 1990, eu quase não estive no clube. Passei a frequentá-lo mais a partir de abril de 2014, quando fui para a reserva e vim de Manaus para o Rio, em definitivo.”
- “Nessas mais de sete décadas do clube, o país viveu momentos diversos em relação às situações políticas e econômicas. Nesse sentido, o CAER tem sido muito importante, não somente como uma instituição social, cultural e de lazer, mas, principalmente, como uma instituição de classe que representa os oficiais da Aeronáutica, e nos preocupamos por não haver esta percepção pela oficialidade mais jovem.”
- “Certamente, sim! Apesar de, em 75 anos, muitas situações terem ocorrido e muito ter mudado a sociedade carioca, o clube tem trabalhado para, cada vez mais, atender os sócios da melhor maneira possível, tendo modernizado suas instalações e criado mais possibilidades de entretenimento para todos.”
- “Pelas razões anteriormente explicitadas, as minhas melhores experiências no clube ocorreram nos últimos três anos, como presidente: os bailes do Aviador, o Baile de Aniversário do Clube em 2019, as festas mensais na Sede Barra e todas as reformas e melhorias que a nossa diretoria tem implementado nas sedes. Outra situação que tem me deixado feliz é a reforma que finalizamos nas instalações da Sede Lacustre, que estava fechada há quatro anos. A sede foi reaberta em outubro, com tudo bonito novamente.”
- Uma história interessante e que deu uma boa repercussão foram as novas aves exóticas que chegaram. Os dois viveiros que temos na Sede Central estavam vazios há várias décadas. Decidimos então retomá-los e compramos belas espécies de aves; e um casal de papagaios ecletus, duas lindas e coloridas aves. Isso gerou, inicialmente, uma grande curiosidade, não só dos adultos, mas, principalmente, das crianças. Acho que foi uma ação acertada.”
- “Nunca tive pretensões nem imaginava ser o presidente do clube, porém, durante a cerimônia de aspirantado na Academia da Força Aérea, em 2017, o então Comandante da Aeronáutica, Ten Brig Ar Nivaldo Luiz Rossato, me encontrou no coquetel após a solenidade, me chamou, e disse: ‘Preciso de você; gostaria que assumisse o Clube de Aeronáutica’. Conversamos a respeito e notei que ele estava em sérias dificuldades para achar alguém que aceitasse a missão. Sendo ele um amigo de longa data e contemporâneo meu, dos tempos de cadete e da aviação de caça, após meditar com a minha família, decidi aceitar e formar uma chapa para participar das eleições em junho de 2018. Ao final, foi uma aclamação, pois não houve outras chapas concorrentes. Embora já tivesse outras experiências na ativa com clubes de oficiais em Anápolis, Brasília, Pirassununga e Manaus, eu tinha uma preocupação inicial em relação ao CAER, pois é um clube muito maior, com muito mais sócios e com três sedes diferentes. A nossa reeleição, também por aclamação, foi no ano passado, e esses primeiros três anos de mandato têm sido muito bons. Temos conseguido resultados financeiros positivos, muitos aprimoramentos nas sedes, e temos recebido bastantes elogios de sócios e de membros do Conselho Deliberativo. Tem sido uma experiência gratificante! A pandemia tem impactado bastante, não só o nosso clube, mas todas as demais atividades da cidade. A proibição de realização de eventos nos tem impedido de alugar os salões, e a frequência de sócios tem sido mais baixa, principalmente na Sede Central, mas vamos passar por essa tempestade. Espero deixar para o meu sucessor um clube melhor, mais bonito e com uma segurança financeira mais robusta.”
- Com a provável construção de uma marina na Sede Central, vislumbro um clube mais comercial, funcionando mais como uma empresa, aumentando suas receitas e menos dependente dos recursos arrecadados com as mensalidades do quadro social para sobreviver. Que venham outros 75 anos!
Querido Clube de Aeronáutica:
Parabéns a você, meu velho amigo! Nestes seus 75 anos, você, que proporcionou incontáveis momentos memoráveis para todos nós, desempenhou um papel protagonista na vida da nossa classe de oficiais da Aeronáutica.
Parabéns a você, amigo, que nestas décadas voou céus tranquilos, por outras vezes bastante turbulentos, mas que sempre chegou inteiro do outro lado das tempestades, sem mossas, coeso e forte! Que cuidou do seu quadro social com atenção e carinho. Que preservou valores e tradições importantes em nosso meio.
Parabéns, amigo. Você cresceu e melhorou bastante neste tempo. Altruísta, você sustentou e alimentou as raízes da nossa sociedade, pedindo em troca, apenas, a atenção e o carinho de todos nós. Você foi e é a Casa da Família Aeronáutica da FAB!
Obrigado, amigo! No momento em que você comemora o seu Jubileu de Diamante (alguns dizem de brilhante) gostaria de agradecer a você em nome de todos os nossos sócios, de hoje e de ontem, presentes e ausentes, por todos os momentos agradáveis e inesquecíveis que você nos proporcionou, em festas, casamentos, bailes ou formaturas. Pelo convívio fraterno nas ocasiões de lazer, desportivas e culturais, nos churrascos e almoços, nas cavalgadas da equitação ou nos voos de ultraleve. Obrigado mesmo, meu grande e fiel amigo!
Resta-nos reafirmarmos os laços de amor e amizade contigo. Que venham mais 75 anos de convívio fraterno e profícuo, conosco e com aqueles que nos seguirão, já que nós passamos, mas você é eterno. Comprometemo-nos a continuar cuidando de ti, para que possas seguir cada vez mais forte e pujante na vida de todos nós, sócios, convidados e frequentadores.
Parabéns! Vida longa a você, Clube de Aeronáutica!
Maj Brig R1 Marco Antonio Carballo Perez
Presidente do Clube de Aeronáutica